Estupro qualificado. Sequestro. Roubo majorado. Esses sãos os três crimes, todos com qualificadoras que agravam ainda mais os ilícitos praticados, que estão sendo imputados pelo Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) contra Benício Vieira de Lima, ex-funcionário da Câmara Municipal de Maceió. O réu é acusado de violentar sexualmente várias adolescentes, e usava um dos ambientes de trabalho para abusar das suas vítimas.
Três denúncias já foram ajuizadas contra Benício Vieira de Lima pelos promotores de justiça Lucas Carneiro e Dalva Tenório, das 59ª e 60ª Promotorias de Justiça da Capital, na última quinta-feira (18). As ações penais relatam os crimes praticados nos dias 22 de novembro e 19 de dezembro de 2018 e em 13 de fevereiro deste ano, contra adolescentes de 14, 16 e 17 anos, respectivamente.
Na primeira ação penal, o Ministério Público explica que a vítima de menor idade foi obrigada a praticar conjunção carnal com o réu após ser gravemente ameaçada: “O caderno investigatório denota que, nas mesmas circunstâncias de lugar e tempo, Benício Vieira de Lima privou, com fins libidinosos, a vítima (o nome será mantido em sigilo), com 14 anos à época dos fatos, de sua liberdade, mediante sequestro”, diz um trecho da petição.
“Segundo logrou-se apurar, essa vítima estava nas proximidades da Igreja São Judas, no bairro do Feitosa, quando uma pessoa, em um carro prata, lhe abordou. Em seguida, o denunciado mostrou uma arma de fogo e mandou que a menina encostasse no carro, senão, iria atirar. Quando ela encostou, o acusado pediu-a para que entrasse no veículo. Sob ameaça, a vítima obedeceu, e um pano foi colocado em seu rosto”, detalham os promotores de justiça.
Na sequência, a adolescente foi levada para o escritório de um vereador por Maceió. E era lá que ele praticava os estupros, sendo usando de ameaça e violência.
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A segunda vítima
A segunda denúncia fez referência ao abuso sexual ocorrido em dezembro do ano passado. Mas o primeiro crime praticado não foi o estupro. “Por volta das 20h33 do dia 19 de dezembro de 2018, na Avenida Governador Lamenha Filho, s/n, Feitosa, Benício Vieira de Lima constrangeu a vítima, com 16 anos, mediante grave ameaça. De acordo com o que foi apurado, o investigado perguntou à vítima se ela poderia informar onde ficaria a Igreja Universal. No momento em que a adolescente indicou a direção, ele abriu a porta do veículo, tirou uma arma de dentro do porta-luvas e mostrou a ela. Ameaçada, a vítima entrou no carro. Em seguida, sem falar o que queria, o denunciado deu partida no veículo e, quando entrou em uma rua nas proximidades das Lojas Americanas, anunciou o assalto, pedindo o celular. Ao colocar o aparelho telefônico no banco de trás, o acusado baixou o banco em que a adolescente estava e vendou seus olhos, dizendo que se ela gritasse, ele iria atirar em sua cabeça”, revela uma outra parte da ação.
E depois de praticar o roubo, Benício levou sua próxima vítima para o mesmo escritório. “Ao entrar na residência, ele retirou a venda dos olhos dela, tirou a roupa da vítima e começou a tocar o seu corpo. Em seguida, o acusado também se despiu e mandou que a adolescente tomasse banho. Logo após, colocou o celular roubado e a arma de fogo em cima da mesa de um quarto, que estaria bastante bagunçado, e perpetrou os abusos. Segundo a vítima, o denunciado a obrigou a ‘fazer todo tipo de coisa’. E ela ainda contou que começou a sentir dor, pois ele foi muito agressivo no ato. E quando a vítima pediu para que o acusado parasse, ele lhe disse que se continuasse falando aquilo, iria chamar mais quatro amigos para estuprá-la também”, relata o MPE/AL.
O terceiro caso
Por fim, Lucas Carneiro e Dalva Tenório propuseram a terceira denúncia contra o mesmo acusado. Dessa vez, a vítima foi uma garota de 17 anos, e o crime foi praticado agora em 2019, aproximadamente às 19h45, no Cruzamento da Rua Santo Antônio com a Rua Santa Margarida, também no bairro do Feitosa.
“A adolescente estava caminhando pelo logradouro conhecido como o principal do Feitosa, quando um veículo sedã prata parou e perguntou informações sobre a localidade da Igreja São Judas. Em seguida, o denunciado pediu que ela entrasse no carro, tendo a vítima se negado. O investigado, então, mostrou uma arma de fogo que estava entre as pernas dele. Logo depois, sob a ameaça de morte, disse à adolescente para que não fizesse alarde e que ela entrasse no veículo, afirmando, inclusive, que se corresse, ele iria atirar”, afirma a petição.
Lembrando o mesmo endereço onde os atos sexuais violentos comumente ocorriam, a terceira vítima relatou detalhes do abuso aos investigadores: “Ele praticou com a adolescente conjunção carnal e anal. E ela contou que sentiu uma vontade de ir ao banheiro no momento em que ele praticava o sexo anal. Após defecar, a vítima sentiu um forte enjoo, chegando a vomitar. Então, o denunciado pediu que ela tomasse banho e voltasse ao quarto. Ao perceber que a garota estava bastante gelada, por estar passando mal, Benício Vieira de Lima mandou que ela se vestisse para ir embora”, conta mais um trecho da petição.
“A prisão do denunciado possibilitou a descoberta de um verdadeiro estuprador em série, o que se revelou, até então, um dos maiores e mais graves do Estado de Alagoas. Outras persecuções penais já estão em curso, com inúmeras vítimas, todas trazendo à lume o mesmo modus operandi, violento e covarde”, afirmou o promotor Lucas Carneiro.
E a promotora Dalva Tenório destacou que o Ministério Público está de portas abertas para receber novas denúncias. “As duas promotorias de justiça com atribuição para atuar nos crimes praticados contra crianças e adolescentes estão localizadas no prédio do MP do Barro Duro, situado na Avenida Juca Sampaio, nº 3426. Pedimos para que as famílias não tenham vergonha e nem medo e nos procurem para formalizar as denúncias contra o abusador. Ele precisa ser penalizado por toda a violência sexual que praticou”, ressaltou ela.
Por todos os relatos apresentados pelas vítimas, o Ministério Público denunciou Benício Vieira de Lima pelos crimes de estupro, sequestro e roubo majorado.