O ‘O Museu no Balanço das Águas’, da Coleção Karandash, vai ganhar o Rio São Francisco novamente até o próximo mês de maio, quando vai levar a bordo as obras confeccionadas por artesãos, ceramistas e bordadeiras do projeto Ampliando os Saberes do Velho Chico. O projeto realiza oficinas de criação nas comunidades da Aldeia Xokó (Sergipe), Entremontes (Piranhas-AL) e Riacho Grande (Pão de Açúcar-AL).
Nessas oficinas, crianças, adolescentes e jovens do Ensino Fundamental e Médio das três escolas municipais de cada comunidade aprendem com os principais artistas ribeirinhos como confeccionar obras em madeira, bordados e cerâmica. Todo o trabalho é realizado nos ateliês e residências dos mestres.
“A ideia é fomentar, valorizar e respeitar essas sabedorias tradicionais que se mantêm vivas, repassar para as novas gerações esses fazeres com vistas à preservação da identidade, da memória artística ribeirinha do Baixo São Francisco e do fortalecimento dessa cadeia produtiva que tem gerado emprego e renda, a partir do processo de economia criativa para dezenas de famílias”, explica a coordenadora do projeto, Maria Amélia Vieira, diretora da Galeria Karandash.
As oficinas de bordados com a técnica Redendê, de Entremontes, têm como foco as crianças e jovens do povoado e seu entorno. Já as oficinas de esculturas em madeira, no povoado de Riacho Grande , em Pão de Açúcar, têm um público-alvo de aproximadamente 30 participantes, entre crianças, jovens e adultos. Na aldeia Xokó, da Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha (Sergipe), vem sendo realizadas as oficinas de cerâmica artesanal para um público de 25 participantes de todas as idades.
No sítio Riacho Grande, as atividades acontecem no ateliê do artista Cleciano, escultor em madeira, designer de móveis e objetos artesanais e grande contribuidor da preservação dessa arte. No povoado histórico de Entremontes, as oficinas são realizadas na sede da associação das bordadeiras de Redendê, enquanto na aldeia Xokó, da Ilha de São Pedro, as ações são realizadas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e nas residências de duas antigas ceramistas da região.
“Por se tratarem de zonas rurais, os participantes são filhos de agricultores, pequenos pecuaristas, pescadores, artesãos, indígenas e mesmo pessoas que dependem, exclusivamente, de programas sociais do governo federal”, revela Maria Amélia. “Nessas comunidades, nós encontramos a presença simbólica da arte na vida das pessoas meio que naturalmente. Os estados de Alagoas, Sergipe e seus municípios, mesmo apresentando uma proporção privilegiada de artistas populares na relação com o contingente geral de sua população, precisa se apropriar e ter o sentimento de pertencimento”, completa a galerista, enfatizando que o barco-museu já está em manutenção para renovação da pintura, limpeza interna e externa e revisão dos equipamentos.
Em brevíssimo tempo, segundo ela, o barco navegará pelas águas do São Francisco rumo às comunidades da Aldeia Xokó e Entremontes, com parada no povoado Ilha do Ferro, para exposição dos produtos confeccionados nas oficinas.