O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Alagoas (CONEPIR) se pronunciou nesta segunda-feira, 13, sobre o ataque ao Terreiro de Candomblé Abaçá de Angola, situado no Conjunto Otacílio de Holanda, no bairro Cidade Universitária, registrado na madrugada deste domingo (12). Hoje pela manhã, a líder da casa, Yalorixá Veronildes Rodrigues, Mãe Vera de Oiá, prestou queixa do ocorrido e procurou a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos para denunciar o crime de intolerância religiosa.
Em nota, o Conselho reiterou a gravidade do crime cometido e repudiou o ato que classificou como ato racista de invasão e depredação. O presidente do Conselho, Clébio Correia de Araújo lembrou a data de hoje é alusiva à abolição do regime escravocrata no Brasil e destacou que apesar disto, atos de racismo e discriminação ainda perduram na atualidade.
O ataque ocorreu na madrugada. Uma moradora da casa conta que ouviu alguém bater à porta por volta das 22 horas. Ao checar a porta, ela conta que não havia ninguém, mas pela manhã, quando abriram a porta havia um rastro de destruição. Pratos e outros objetos quebrados. Segundo a comunidade religiosa, esta é a primeira vez que esse tipo de crime é registrado no Terreiro da Mãe Vera.
Nota do CONEPIR
“O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Alagoas – CONEPIR – manifesta o seu veemente repúdio ao ato racista de invasão e depredação do Terreiro de Candomblé Abaçá de Angola, situado no Conjunto Otacílio de Holanda, bairro Tabuleiro dos Martins, em Maceió, liderado pela Yalorixá Veronildes Rodrigues, Mãe Vera de Oiá.
Entendemos que atos dessa natureza, emblematicamente ocorrido na madruga do dia 13 de Maio de 2019, data celebrativa da abolição do regime escravocrata no Brasil, apenas trazem à tona a incompletude da referida abolição, que relegou à população afro brasileira à própria sorte, sem quaisquer direitos que lhes garantissem a devida integração à nação; bem como a manutenção do racismo enquanto dimensão estruturante da sociedade brasileira, em especial no que tange às comunidades religiosas de matriz africana, em Alagoas marcadas pelo nefasto Quebra dos Terreiros de 1912.
Nesse sentido, o CONEPIR, órgão de Estado fruto da luta história do Povo Negro, solidariza-se com Mãe Vera de Oiá e sua comunidade, ao tempo em que exige das autoridades competentes as devidas providências para a apuração e punição dos responsáveis por tal ato.”
O caso foi denunciado inicialmente através da divulgação de um vídeo, nas redes sociais, que mostra a destruição no local.
Nota
“Nós, da Unidade Popular pelo Socialismo em Alagoas, repudiamos veementemente o ataque ao terreiro de Mãe Vera, líder religiosa do Candomblé em Maceió, situado no bairro da Cidade Universitária, mulher guerreira que luta pelas causas sociais e culturais de nossos irmãos e irmãs negros.
A intolerância religiosa faz parte do racismo estrutural que está amplamente naturalizado na sociedade brasileira.
A luta do negro pela sua libertação, independência e autonomia não acabará enquanto toda a contribuição cultural e histórica de nossos irmãos forem deturpadas, silenciadas e violentadas.
Acreditamos num país justo, igualitário e laico, no qual todas as manifestações religiosas sejam respeitadas independente de suas origens.
O livre culto religioso é um dos pilares de nosso Estado Laico, não compactuamos com a perseguição e ataque as religiões de matriz africana e indígena.”