Internamente, o nome de Abel Braga não foi consenso, mas não chegou a desagradar a nova diretoria rubro-negra. A contratação foi anunciada ainda em dezembro, pouco após o preferido Renato Gaúcho anunciar a sua permanência no Grêmio. A ideia era trazer um medalhão para “recuperar o estilo vencedor” da equipe – uma das maiores críticas sofridas pelo futebol da gestão Eduardo Bandeira de Mello.
Dentro de campo, todavia, o Flamengo mudou totalmente de estilo. Tanto Maurício Barbieri quanto Dorival Junior, os técnicos da equipe em 2018, apresentaram estilo ofensivo e que agradava, mas não gerava resultados. Com Abel, a situação era o contrário: havia resultado, mas o desempenho do time desagradava, apesar de o elenco ter sido reforçado com Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta, por exemplo.
Arrascaeta, inclusive, foi um dos pilares do desgaste de Abel Braga. A opção por Diego Ribas, após o Flamengo ter desembolsado R$ 60 milhões para a compra do uruguaio, não foi bem compreendida. Nesta temporada, o camisa 10 retornou à equipe titular e ganhou a faixa de capitão, enquanto o reforço milionário passou boa parte do primeiro semestre na reserva. Mesmo quando atuou como titular, o uruguaio foi constantemente substituído.A aposta em peças de rendimento ruim não se limitou à Diego Ribas. Willian Arão também foi bastante contestado, mas mantido por Abel. Gabigol, mesmo enfrentando um seca de gols, não foi substituído. Fatores que davam a entender uma diferença de tratamento com Arrascaeta, um dos reforços que não foram pedidos por Abel Braga;
Junte as críticas pelo desempenho ruim às escolhas impopulares e às declarações polêmicas fora de campo. A principal delas tem relação com o Beira-Rio, estádio do Internacional, que o treinador classificou como o “mais lindo do Brasil”. Tal declaração foi feita poucas semanas depois do Flamengo ter adquirido o comando do Maracanã ao lado do Fluminense.
Por falar em Internacional, a derrota sofrida no Campeonato Brasileiro foi classificada como “normal’ pelo treinador, o que também irritou dirigentes e torcedores. A mesma situação se repetiu quando, após o revés diante do Atlético-MG, quando também classificou o resultado como uma normalidades, mesmo tendo um jogador a mais durante mais de 45 minutos.
O estopim foram os muros da Gávea e do Ninho do Urubu, que foram pichados com pedidos pela saída do treinador e do diretor Luiz Eduardo Baptista, o BAP. No duelo contra o Athletico-PR, no último domingo, o Maracanã virou um caldeirão de ofensas ao treinador. Ali, a situação ficou insustentável. Mesmo após uma virada heroica, Abel seguida sendo xingado pelos torcedores.
Por fim, a opção por escalar reservas contra o Fortaleza contra a preferência da diretoria por querer os titulares não caiu bem para o treinador, que passou a se sentir isolado e pediu demissão do cargo. Abel Braga encerrou o ciclo no Flamengo com 32 partidas: 19 vitórias, oito empates e cinco derrotas. Foram 59 gols marcados e 29 sofridos nesta passagem.