A Santa Casa de Misericórdia de Maceió deu início ao atendimento domiciliar para os pacientes de cuidados paliativos atendidos na Santa Casa Rodrigo Ramalho. O serviço pioneiro é fruto de uma parceria com o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), que selecionou o projeto da instituição e completa a linha de cuidados do paciente oncológico do SUS, e tem o apoio da iniciativa privada por meio do Itaú, Ambev e Santander.
Criado para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos, que atuam no campo da oncologia, o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) foi instituído pela Lei 12.715/12 e permite que empresas tributadas pelo lucro real e pessoas físicas optantes pelo modelo de declaração completa destinem até 1% do seu Imposto de Renda para projetos de entidades filantrópicas na área oncológica.
“Hoje, a Santa Casa de Maceió é uma das poucas instituições do país que possuem uma linha oncológica completa, que vai desde a consulta ambulatorial, exames laboratoriais, emergência, internação clínica e cirúrgica, os tratamentos com quimioterapia e radioterapia, inclusive com braquiterapia, iodoterapia, que poucos hospitais têm, e, agora, com a assistência domiciliar. Esperamos que o atendimento continue sendo uma marca da instituição com toda a humanização necessária”, disse o provedor da Santa Casa de Maceió, Humberto Gomes de Melo.
Após as etapas de avaliação, o projeto foi acolhido pelo Ministério da Saúde. “Esse é um momento histórico para a Santa Casa de Maceió. Representa a concretização de um sonho para a linha de cuidados do paciente oncológico. Por orientação da diretoria, o projeto começou a ser desenhado em 2016 para ser submetido ao Ministério da Saúde. Fizemos isso de forma muito despretensiosa, já que esse era o primeiro projeto da instituição, o primeiro de Alagoas.
O nordeste tem poucos projetos e desconheço um tão amplo como esse que contemple a unidade hospitalar, ambulatorial e domiciliar”, destacou Aishá Gois, gestora da Linha Oncológica.
De acordo com Carolina Zau, gestora médica da Santa Casa Rodrigo Ramalho, a unidade passa a oferecer mais um serviço pioneiro aos pacientes com câncer. “Somos o primeiro com cuidados paliativos e o primeiro com assistência domiciliar. Agora, vamos proporcionar que esse paciente oncológico esteja junto de sua família o máximo que puder.
Quando ele necessitar da assistência de internação e de emergência, também estará à disposição. Conseguimos com o Pronon uma equipe completa, multiprofissional e vamos poder levar mais qualidade de vida para os pacientes”, disse.
A equipe multidisciplinar é composta por enfermeiros, fonoaudiólogo, técnico de enfermagem, assistente social, nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo, farmacêutico, odontólogo, terapeuta ocupacional, motorista, auxiliar administrativo e administrador. Ao todo, 29 profissionais executarão os serviços de atendimento domiciliar da linha oncológica.
O radioterapeuta da Santa Casa de Maceió, Marcos Davi, considera a oferta da assistência domiciliar como sendo a continuidade da missão pela qual a Santa Casa foi criada.
“A instituição nasceu há 168 anos, data que será comemorada em setembro, e é totalmente voltada para as pessoas mais humildes, os mais carentes. Esse momento representa a continuidade deste trabalho com a ampliação do ciclo de atendimento que vai desde a emergência aos pacientes oncológicos, passa pelo atendimento das intercorrências, os cuidados paliativos hospitalares, e agora, o atendimento dos cuidados paliativos domiciliares dos que estão nos seus recantos. A Santa Casa de Maceió levará sua presença, os seus profissionais qualificados, mas vai levar sua missão cristã e humanística que tem dominado a gestão do provedor Humberto Gomes de Melo”.
Cerca de 30% dos pacientes internados na instituição são da oncologia
Para Alexandre Sáfadi Bastos, a extensão para o atendimento domiciliar representa um salto muito importante. “Cerca de 30% dos pacientes internados na Santa Casa são pacientes oncológicos e isso já traz, por si só, uma importância fundamental nesse tratamento diferenciado. No nordeste, o índice de aprovação de projetos é baixíssimo. Apenas a Santa Casa tem projeto aprovado pelo Pronon no estado”, destacou o administrador da equipe de cuidados paliativos do projeto.
Lidar com uma realidade tão complexa exige muita entrega. “Me sinto honrada de poder ajudar a população numa fase tão difícil da vida que é o cuidado paliativo. Existe muito sofrimento na família que está com um paciente que sente todas as dificuldades nesse momento e nós estamos com muita vontade de entregar um trabalho ainda mais humanizado para que eles sintam o acolhimento. Somos uma equipe grande com muita vontade de fazer o melhor”, disse a fisioterapeuta, Aline Nunes.