O ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, e o seu irmão, Marcos Antônio Cavalcante, voltam a ser julgados nesta quinta (22) pelo assassinato de José Gonçalves da Silva Filho, crime ocorrido em 1996. Todos integravam a Polícia Militar de Alagoas e ficaram conhecidos como membros da Gangue Fardada.
Cabo Gonçalves foi executado com quase uma centena de tiros por volta das 11h do dia 9 de maio, próximo ao então Auto Posto Veloz, na Avenida Menino Marcelo. Segundo o inquérito, o cabo foi assassinado por Marcos e outros acusados, enquanto o ex-coronel Cavalcante dava apoio em um veículo. Os réus já haviam sido julgados em 2011, quando foram absolvidos.
O Ministério Público Estadual recorreu da sentença e um novo julgamento acontece hoje, sendo presidido pelo juiz Sóstenes Alex. A primeira testemunha a ser ouvida foi a irmã do cabo Gonçalves, Ana Valença. Ela disse que durante anos o irmão se manteve na ‘clandestinidade’ para tentar sobreviver, inclusive sofrendo várias emboscadas.
Para Ana Valença, o irmão foi morto por ter se recusado a matar o então prefeito de Coruripe, Enéas Gama, a mando do ex-deputado João Beltrão. Além de recusar o ‘serviço’ Gonçalves teria aviso a vítima, provocando a ira de Beltrão.
A testemunha alega ter sofrido ameaças dos irmãos Cavalcante e que abdicou de uma vida ‘normal’ para buscar Justiça para o irmão. “Deixei de casar e constituir família, porque se morresse não teria filhos para sofrer. Eu fui muito ameaçada, mas não tenho medo de morrer porque perdi meu bem maior que era meu irmão”.
Ainda durante o depoimento ela afirmou que o ex-tenente-coronel foi ao sepultamento do cabo e ainda teria feito ameaças a familiares, além de chacoalhar o caixão da vítima e proferir palavras de baixo calão contra familiares.
O julgamento deve ocorrer durante todo o dia.