Victória Jugnet Grossi, de 18 anos, não pode ser enterrada com nome social por decisão da Justiça do DF

Arquivo pessoal

Victória Jugnet Grossi, de 18 anos, não pode ser enterrada com nome social por decisão da Justiça do DF

A Justiça do Distrito Federal negou à família de uma jovem transgêneroo pedido de incluir o nome social da filha no atestado de óbito. Victória Jugnet Grossi, de 18 anos, morreu em janeiro.

A decisão foi divulgada na semana passada. Cabe recurso.

Victória nasceu com o sexo masculino. Em dezembro de 2018, ela iniciou o tratamento hormonal no Ambulatório Trans do DF.

Os planos da jovem, segundo a mãe dela – a maquiadora Alessandra Jugnet –, eram fazer a transição de gênero e mudar o nome na certidão de nascimento.

” Ela dizia pra mim que queria tirar a documentação quando estivesse com o rostinho mais feminino. Mas não deu tempo, minha filha faleceu antes.”

No processo, no entanto, os desembargadores que analisaram o caso negaram o pedido da família. Eles decidiram que o documento que atesta a morte de Victória deve constar o nome e o gênero de registro dela e a mudança para a identidade social não foi autorizada.

No entendimento dos juízes, “os direitos de personalidade são intransmissíveis”, ou seja, não é possível reclamar perdas e danos em nome de outras pessoas.

Além disso, segundo a relatora do caso, a desembargadora Carmelita Brasil, Victória já havia atingido a maioridade quando veio a óbito, “portanto poderia ter pleiteado o direito de alteração do nome e do gênero em vida, mas não o fez”.

“Desse modo, […] o pedido de alteração caberá exclusivamente ao próprio interessado, mediante a via adequada.”

Pelas pessoas trans

Para a família de Victória, a luta na Justiça pelo direito de registrar a filha com o nome que ela mesma escolheu “é uma batalha social”.

“É importante que minha filha seja reconhecida como ela se entendia. É uma questão social porque, com certeza, ela não vai ser a única a falecer sem ter conseguido fazer a alteração do nome”, disse Alessandra ao G1.

“Mudar o nome é uma forma de dar uma certa paz para ela. Se eu conseguir, onde a Victória estiver, ela vai estar mais feliz.”

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