De suicídio a feminicídio. O caso que envolve a morte da empresária cearense Jamile de Oliveira Correira teve reviravolta no início deste mês de setembro, um dia após o sepultamento da mulher que completaria 47 anos nesta quarta-feira (18). Indícios levantados ainda no início da investigação fazem a Polícia Civil do Ceará ter o advogado Aldemir Pessoa Júnior como suspeito pelo crime ocorrido no dia 29 de agosto de 2019, no apartamento da vítima, localizado no Bairro Meireles, em Fortaleza.
O advogado disse ao G1 que não houve assassinato e ele não tinha interesse no patrimônio da empresária, como relatou uma familiar de Jamile Oliveira.
As investigações mostram que, no fim noite do último dia 29 de agosto, Jamile foi agredida pelo namorado no estacionamento do prédio. Logo depois, o casal retornou ao apartamento e houve um disparo de arma de fogo que atingiu a empresária.
Já no início da madrugada do dia 30, câmeras de segurança do prédio registram que ela sai carregada pelo namorado e o filho. A vítima estava com um hematoma no olho e uma mancha de sangue no peito.
Jamile foi deixada pelo namorado no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, e morreu às 7h do dia 31 de agosto. Apesar da gravidade do caso, o homem não relatou aos familiares sobre o estado de saúde da empresária e também não acionou a polícia.
O advogado chegou a retornar ao prédio, limpou o local e permaneceu no apartamento. Enquanto a vítima estava no hospital, Aldemir Pessoa utilizou o celular da vítima.
Reviravolta nas investigações
Em um primeiro momento, a morte estava sendo investigada como suicídio. No momento em que a Polícia Civil tomou conhecimento acerca do ocorrido, o advogado, também atirador esportivo, foi chamado para depor.Em depoimento, Aldemir Pessoa disse que ele e o filho de Jamile tentaram evitar o disparo.
O laudo cadavérico da empresária não condiz com o relato. Na última sexta-feira (13), Aldemir foi apontado pelas autoridades como autor do feminicídio e a arma que teria sido utilizada pela morte foi apreendida.
Versões
Uma familiar de Jamile contou, sob a condição de não ser identificada, que Aldemir vinha ameaçando a empresária e já havia formulado um documento para que a vítima assinasse autorizando repassar a ele todos os seus bens.
“Tudo isso me abala muito. A única coisa que ele queria dela era o patrimônio dela, quando o marido dela faleceu, ele deixou um patrimônio alto. Na minha cabeça, ele arquitetou tudo. Fez confusão e matou ela. Ele tinha uma folha onde dizia para ela passar todo o patrimônio dela para ele. Ela disse que ele podia matar ela e ela não passava. Ela dizia para mim que ele era um carrapato, que mandava ele sair do apartamento e ele não saía”, afirmou a entrevistada.
Aldemir Pessoa Júnior disse que ele e Jamile estavam apaixonados, prestes a casar. “Patrimônio por patrimônio, eu tenho o meu. Não se trata disto. Nós íamos casar agora dia 18, no dia do aniversário dela. Foi um suicídio e, de qualquer forma, tenho minha consciência tranquila”, disse.
Ainda conforme apuração do G1, o advogado foi indicado pelo homicídio. O caso é investigado no 2º Distrito Policial (Aldeota), que tem como titular a delegada Socorro Portela. A policial atendeu a ligação da reportagem, mas informou que não poderia dar mais detalhes sobre o caso a fim de não atrapalhar as investigações.