PMs envolvidos em ação que terminou com morte de Ágatha Félix devem prestar depoimento

Kombi onde Ágatha Félix estava quando foi atingida no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo

Kombi onde Ágatha Félix estava quando foi atingida no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo

Os policiais militares envolvidos na ação que matou a menina Ágatha Félix, de oito anos, no Complexo do Alemão, devem prestar depoimento nesta segunda-feira (23) na Delegacia de Homicídios da capital, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Ágatha morreu na noite de sexta-feira (20). Ela estava dentro de uma kombi com o avô, quando foi baleada nas costas. Moradores afirmaram que PMs atiraram contra uma moto que passava pelo local, e o tiro atingiu a criança. Ela chegou a ser levada para a UPA do Alemão e transferida para o Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.

O porta-voz da PM afirmou no sábado (21) que não há indicativo da participação de um policial militar na morte da criança.

Os investigadores também irão recolher as armas dos PMs para um confronto balístico com o projétil encontrado no corpo da menina, para saber se o tiro saiu da arma de um dos policiais.

A kombi onde a menina estava quando foi atingida já passou por perícia. A Polícia Civil vai realizar uma reconstituição do caso. A data ainda será marcada. A Corregedoria da Polícia Militar abriu um procedimento para apurar a atuação dos PMs.

Enterro marcado pela comoção
O corpo de Ágatha foi enterrado neste domingo (22) por volta das 16h30, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Durante o cortejo, amigos e familiares gritaram por Justiça e aplaudiram no momento em que a criança foi enterrada.

O motorista que dirigia a kombi em que Ágatha Vitória Vitória Sales Félix foi baleada disse que não havia tiroteio na comunidade no momento em que ela foi atingida dentro do carro. Ele disse que viu o policial disparando.

“Não teve tiroteio nenhum, foram dois disparos que ele deu. Falou que foi tiroteio de todos os lados. É mentira! Mentira!”, disse o motorista, que esteve no enterro da menina na tarde deste domingo.

PM se manifesta
A Polícia Militar afirmou, no sábado (21), que o governo do estado está no caminho certo e que “não irá recuar” e que “não há nenhum indicativo, nesse momento, de uma participação do policial militar no triste episódio que vitimou a pequena Ágatha”.

Em entrevista à TV Globo, o porta-voz da PM Mauro Fliess disse que a corporação lamenta profundamente a morte da criança baleada no Complexo do Alemão.

A OAB, a Defensoria Pública e a Anistia Internacional criticaram as políticas de segurança pública do Estado do RJ e manifestaram solidariedade e apoio à família da menina.

Maia e Moro se manifestam
Após o assassinato da menina Ágatha, no domingo (22), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defendeu “uma avaliação muito cuidadosa e criteriosa sobre o excludente de ilicitude”, que prevê que policiais que matem durante o serviço não sejam punidos.

“Qualquer pai e mãe consegue se imaginar no lugar da família da Ágatha e sabe o tamanho dessa dor. Expresso minha solidariedade aos familiares sabendo que não há palavra que diminua tamanho sofrimento. É por isso que defendo uma avaliação muito cuidadosa e criteriosa sobre o excludente de ilicitude que está em discussão no Parlamento”, afirmou o presidente da Câmara.

O excludente de ilicitude é uma das propostas do pacote anticrime, enviado ao Congresso Nacional em fevereiro pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. O conjunto de mudanças está sendo analisado por um grupo de trabalho da Câmara.

Após a publicação de Maia, o ministro da Justiça e Segurança Pública também se manifestou na rede social e disse que a proposta do excludente de ilicitude não está relacionada à morte da criança.

“Lamentável e trágica a morte da menina Agatha. Já me manifestei oficialmente. Os fatos têm que ser apurados. Não há nenhuma relação possível do fato com a proposta de legítima defesa constante no projeto anticrime”, disse Moro.

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