Vários focos de incêndio atingem o sítio arqueológico “Serra da Lua”, no Parque Estadual de Monte Alegre (Pema), no oeste do Pará, onde são encontradas pinturas rupestres que comprovam que a região foi habitada há pelo menos 11 mil anos. As chamas foram registradas no início da noite de sábado (5) e continuam neste domingo (6).
De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), que gerencia o parque e o centro de musealização que existe no local, um vigilante percebeu a cortina de fumaça por volta das 18h30 e acionou a gerência.
Pinturas rupestres que comprovam que a região foi habitada há pelo menos 11 mil anos, em Monte Alegre — Foto: Ideflor-Bio/Divulgação
Desde então, equipes com cerca de 30 brigadistas voluntários formadas por servidores, terceirizados e moradores das comunidades próximas trabalham para conter as chamas.
O Pema pertence à Área de Proteção Ambiental Paytuna e é formado por várias serras, com terreno de difícil acesso e rochoso. Esta época do ano é marcada pelo rigoroso verão amazônico e a vegetação baixa fica ressecada, o que facilita ainda mais a propagação das chamas.
Brigadistas voluntários se uniram para combater incêndio na Serra da Lua, em Monte Alegre — Foto: Ideflor-Bio/Divulgação
Controle de Focos
Por volta das 4h deste domingo o foco próximo à Serra da Lua foi controlado e o fogo não alcançou as estruturas do complexo de visitantes do parque. Entretanto, as chamas seguem consumindo o local conhecido como Pedra do Sol (parte esquerda da Serra da Lua, onde contém as pinturas rupestres mais preservadas) e a lateral esquerda.
Incêndio florestal atinge parque com pinturas rupestres em Monte Alegre, no Pará
“A gente fez a mobilização dos voluntários ontem mesmo e desde então o combate às chamas está ocorrendo. Os voluntários não conseguiram controlar totalmente o fogo devido o acesso ser difícil à área e a falta de equipamentos necessários”, disse a gerente interina do Ideflor-Bio, Andreia Dantas.
Equipe do 4ºGBM seguiu neste domingo (6) para Monte Alegre — Foto: 4ºGBM/Divulgação
Na manhã deste domingo uma equipe especializada de combate a incêndio florestal do 4º Grupamento de Bombeiros Militar (4ºGBM) de Santarém seguiu para Monte Alegre para ajudar no combate às chamas e fazer o levantamento da situação.
Incêndio em 2017
Há dois anos, também no mês de outubro, outro grande incêndio atingiu a área da Serra da Lua. Foram mais de sete dias de trabalhos intensos de combate ao fogo.
“O parque já tem um histórico com incêndios florestais, essa não é a primeira vez. Por mais que façamos ações preventivas e de orientação, é complicado”, ressaltou Andreia.
Incêndio no Parque Estadual de Monte Alegre em outubro de 2017 — Foto: Ideflor-Bio/Divulgação
Na sexta-feira (4) outro incêndio foi registrado na APA Paytuna, mas foi controlado pelos voluntários horas depois.
O Pema e as pinturas rupestres
O Pema está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Paytuna, localizada integralmente em Monte Alegre — Foto: Ascom Ideflor-Bio/Divulgação
O Parque Estadual de Monte Alegre está inserido na Área de Proteção Permanente (APA) Paytuna. Ao todo, o Pema tem 15 sítios arqueológicos existentes, que guardam artes rupestres – pinturas e gravuras registradas em rochas. Esses registros comprovam que a região foi habitada há pelo menos 11 mil anos.
O sítio “Serra da Lua” tem uma extensão de cerca de 200 metros de pinturas na Serra do Ererê. Os desenhos de mãos e círculos com raios ou caudas têm tons amarelos e vermelhos. Já a Pedra do Mirante, que é considerado um dos maiores atrativos do sítio, tem uma vista panorâmica da região.
Complexo de Musealização do Parque Estadual Monte Alegre (PEMA), localizado no município de Monte Alegre — Foto: Ideflor-Bio/Divulgação
Tendo como base a avaliação técnica de especialistas, dentre vários sítios, o Parque foi contemplado, considerando suas condições de acesso, importância do patrimônio a ser exposto, condições de conservação, situação e vulnerabilidade, análise da paisagem e seu entorno, exame do potencial e da região em que está situado, existência de infraestrutura local, interesse da população do entorno do sítio, além da possibilidade de fomento à economia sustentável.