Poesia e educação foram temas de sessão solene desta sexta-feira (6) na Câmara Municipal de Maceió, quando a Casa de Mário Guimarães, por meio de indicação da vereadora Ana Hora (PSD), concedeu as comendas Poeta Jorge de Lima e Senador Aurélio Viana ao poeta e professor Otávio Fernando Fiúza e ao professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Roberto Sarmento Lima. A propositura da parlamentar foi aprovada por unanimidade pelos demais vereadores.
Autor de seis livros, crítico literário e parceiro em composições musicais de cantores como o também alagoano Júnior Almeida que, inclusive, prestigiou a homenagem ao amigo, o poeta Fernando Fiúza esteve acompanhado da mãe, Yolanda Fiúza, e da irmã, a jornalista Rachel Fiúza.
Ele agradeceu a homenagem e aproveitou para, inusitadamente, tecer elogios ao poeta Jorge de Lima, que empresta o nome à comenda que Fiúza recebeu, e dispensou qualquer menção ao trabalho que desenvolve no campo da educação e poesia.
“As Câmaras Municipais são a forma mais antiga de fazer política. Jorge de Lima também foi um político, fez política, mas de fato tornou-se conhecido em nível nacional e no mundo pela poesia que escreveu. Portanto, é uma honra e quero agradecer à vereadora Ana Hora pela deferência. Viva Jorge de Lima, à cordialidade e à poesia”, disse Fernando Fiúza, que também é mestre em Língua e Literatura Francesa, professor de Letras na Ufal e critico literário.
LEITURA – Também professor da Federal em Alagoas, Roberto Sarmento foi antecedido em sua fala pela esposa, Dislene Costa Nunes.
“Poesia e educação estão interligados e, infelizmente, em um país onde os índices de leitura são lamentáveis, quero destacar o importante papel de quem trabalha com o segmento e se dedica a ele. Com meu marido, são 20 anos de casamento e ele possui 40 voltados à leitura e a formar professores e leitores. Vocês podem perguntar: ele é um leitor voraz? E eu me permito dizer, não, ele é um amante das letras”, declarou a esposa de Sarmento, que também é mestre e doutor em Letras.
Com os filhos e amigos no Plenário Silvânio Barbosa, onde a sessão solene ocorreu, Roberto Sarmento também falou sobre a homenagem que recebeu. Ele se emocionou ao agradecer ao companheirismo da esposa.
“Não há como falar em educação se não a relacionarmos com a linguagem que ora serve para esconder, ora serve para dizer, ora serve para celebrar, ora serve para destruir, menosprezar. A linguagem é, portanto, uma faca de dois gumes, e a educação, de forma geral, no mundo todo, é pensada nas circunstâncias políticas do momento. Primeiro sinal de que a sociedade está corrompida é quando as palavras também estão. A dominação social fica mais efetiva e eficiente. Vale deixar registrado aqui, além do agradecimento à vereadora Ana Hora pela lembrança do meu nome e do meu amigo Fernando Fiúza, a reflexão que todos nós somos condutores em alguma medida e também somos conduzidos e levados a agir dentro do limite que a sociedade e suas leis nos impõem. Somos educadores em alguma medida. E não só pode educar quem é professor”, finalizou Roberto Sarmento, que foi sucedido da vereadora propositora da homenagem.
“Fico muito feliz em poder homenagear dois homens do mundo das letras, da poesia, da educação. Dois alagoanos de destacado trabalho para o estado, para Maceió. Tivemos aqui uma verdadeira aula dada pelos dois em suas falas e ver que lembrar essas pessoas, ainda em vida, é importante. Não adianta deixar para registrar esses momentos quando não estamos mais deste lado da vida. Parabenizo os dois, Fernando Fiúza e Roberto Sarmento”, afirmou Ana Hora.