O Irã afirmou em comunicado neste domingo (5) que seu trabalho de enriquecimento de urânio não respeitará mais o acordo nuclear de 2015, que limitava o nível de enriquecimento a 3,6%, e que sua produção não terá mais restrições.
O anúncio foi feito depois que o Conselho de Segurança Nacional iraniano fez uma reunião de emergência para discutir a política nuclear do país após o assassinato do general Qassim Soleimani, morto em um ataque aéreo dos Estados Unidos em Bagdá nesta quinta-feira (2).
Em contrapartida, o governo de Teerã afirmou na nota que retornaria ao acordo nuclear se as sanções impostas pelos Estados Unidos contra o país fossem removidas e os interesses do Irã fossem garantidos.
Além de não mais limitar o nível de enriquecimento de urânio, o Irã afirmou que a quantidade do elemento químico enriquecido armazenada em seus estoques, bem como as pesquisas para o desenvolvimento de suas atividades nucleares, também serão irrestritas.
O urânio de baixo enriquecimento é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas, potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares.
A morte de Qassim Soleimani, considerado o militar mais importante do Irã, escalou as tensões no Oriente Médio e líderes de várias partes do mundo se manifestaram para tentar evitar novos ataques na região.
Neste domingo, a União Europeia convidou o ministro das Relações Exteriores iraniano a ir a Bruxelas para discutir o assunto. Um dos objetivos seria tentar preservar o acordo nuclear.
Quebra do acordo nuclear
O acordo nuclear com o Irã foi firmado em julho de 2015, após 20 meses de negociações entre o governo da República Islâmica e um grupo de potências internacionais, liderado pelos EUA. Em maio de 2018, contudo, o presidente Donald Trump retirou-se unilateralmente do acordo.
Em julho do ano passado, o porta-voz da Organização da Energia Atômica do Irã, Behruz Kamalvandi, afirmou durante uma entrevista coletiva que o país estava “totalmente preparado para enriquecer urânio a qualquer nível e com qualquer quantidade”. Na época, o processo de enriquecimento superou a taxa fixada em 3,67% e alcançou os 5%.
Em setembro de 2018, o Irã descumpriu mais uma etapa do acordo nuclear ao começar a produzir urânio em centrífugas avançadas. O acordo de 2015 autoriza o governo de Teerã a produzir urânio enriquecido apenas com centrífugas de primeira geração (IR-1), uma vez que a instalação de centrífugas em cascata acelera o processo de enriquecimento.