O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) interditou o exercício profissional da médica Isabella Abdalla, investigada após relacionar um soro de imunidade que aplicava em pacientes em Ribeirão Preto (SP) ao novo coronavírus. A defesa da médica afirmou que entrou com mandado de segurança nesta terça-feira (14) por acreditar que a decisão é ilegal.
O caso ganhou repercussão nas redes sociais a partir de vídeos gravados pela médica, que possui pós-graduação em nutrologia, mostrar gestantes recebendo o soro de imunidade e ela dizendo, em seguida, ‘ficar imune do corona’.
O Cremesp iniciou uma investigação contra a médica em 16 de abril. O Ministério Público (MP) também apurou se ela promoveu propaganda enganosa ao anunciar o soro da imunidade, composto de vitaminas e produtos antioxidantes.
Na notificação da interdição cautelar, o Cremesp afirma que a decisão, tomada em plenária no dia 2 de abril, é preventiva para evitar prejuízos à população. A notificação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (13).
O G1 questionou o conselho sobre as penas caso a médica seja flagrada em exercício da profissão, mas não houve resposta até esta publicação.
A médica já havia assinado um acordo com o MP em que se comprometeu a pagar uma indenização de R$ 18 mil e a não anunciar ou vender qualquer produto sem comprovação científica ou que desrespeite as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos conselhos federal e regional de medicina.
A defesa
Em nota, o advogado Ricardo Palova avaliou que a decisão do Cremesp é ilegal e desproporcional e diz que a médica jamais prometeu qualquer tratamento para prevenir ou tratar o coronavírus, “mas, sim, divulgou um tratamento para melhora da imunidade”.
“A decisão proferida pelo Cremesp foi realizada de forma apressada e sem qualquer justificativa plausível. Diante disso, impetramos na data de hoje Mandado de Segurança questionando a total ausência de fundamento da medida adotada, bem como apresentamos Recurso ao Conselho Federal de Medicina”.
Segundo Palova, não existe qualquer reclamação ou queixa de pacientes com relação aos tratamentos realizados pela médica.