O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (20) que a preservação dos “sinais vitais” da economia não significa “sair do isolamento agora”. Segundo o ministro, há “total apoio” ao isolamento.
Guedes deu as declarações ao participar de uma videoconferência, organizada pelo banco BTG Pactual.
Desde que reconheceu a pandemia do novo coronavírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta, entre outras medidas, o isolamento social.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, defende a “volta à normalidade” e a reabertura do comércio, das igrejas, das lotéricas. Bolsonaro também tem comparado o Brasil a um paciente com “duas doenças”, nas áreas da saúde e da economia.
“Se preservarmos os sinais vitais, vamos sair do lado de lá. Preservar os sinais vitais da economia não significa sair do isolamento agora, não significa isso. Significa fazer a coisa programada, fazer direito, fazer no devido tempo, mas sabendo que esse é o ponto futuro”, disse Guedes.
Conforme o ministro, a crise do coronavírus provocou um impacto “forte”, mas ainda “não desorganizou” a economia. Segundo ele, o governo avalia como atuar para que haja a retomada da economia após o fim da crise.
“Não sabemos a profundidade da crise. Não sentimos ainda que desorganizou a economia. Tem um impacto forte, mas ainda não é algo que impede a recuperação mais forte. Ainda não é isso, disse.
Guedes destacou ainda que o desafio do momento é saber quanto tempo a economia resiste com o isolamento social.
Apesar dos questionamentos sobre o impacto na economia, Guedes afirmou que “salvar vida é a prioridade” e que o isolamento social tem “total apoio”.
“O isolamento social que foi declarado, perfeito, tem total apoio nosso, tudo certo. Mas também na democracia é muito valioso falar a verdade. Olha, tem duas dimensões críticas. Tem a dimensão da saúde, mas logo a frente vem a outra onda a onda a economia”, afirmou.
Segundo ele, não se pode deixar a crise economia provocada pelo coronavírus se transformar em uma “depressão”.
Socorro a estados e municípios
Em referência ao projeto de ajuda a estados e municípios, aprovado pela Câmara dos Deputados, Paulo Guedes afirmou que o pedido de unidades da federação para que a União compense as perdas de arrecadação é “inaceitável” e “não republicano”.
Segundo o ministro, o governo apresentou uma proposta de R$ 88 bilhões para auxiliar estados e municípios e que os governadores saíram “felizes” com a proposta, mas depois quiseram compensação por perda de arrecadação.
“Saíram absolutamente felizes daqui. E voltaram duas semanas depois pedindo algo que o Mansueto [secretário do Tesouro] calculou em R$ 229 bilhões? É inaceitável. Transformar uma crise de saúde em uma crise fiscal sem precedente, em uma explosão dos orçamentos da República. É não republicano”, afirmou.
O ministro afirmou que confia na negociação que está sendo feita com o Senado Federal para ajustar o texto do projeto e que a ajuda pode ser maior do que os R$ 78 bilhões anunciados pelo governo caso haja contrapartidas estruturais importantes por parte dos estados e municípios, como não reajustar o salário de servidores públicos.