O Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF) aprovou nesta terça-feira (12), por 9 a 1, a pena de demissão ao procurador da República Ângelo Goulart Villela, acusado de vender informações sigilosas do MPF ao grupo J&F.
Villela foi preso em maio de 2017, após delação de executivos da empresa, sob a suspeita de ter atuado para beneficiar o grupo J&F, que controla o frigorífico JBS. Em agosto do mesmo ano, Goulart foi solto por decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a aprovação pelo plenário, haverá a proposição de uma ação para a decretação da perda do cargo, o que deve ser determinado pela Justiça.
Segundo o MPF, as investigações revelaram que, valendo-se do cargo que ocupava, vendeu informações sigilosas sobre investigações relacionadas à J&F.
O advogado Gustavo Badaró afirmou ao plenário do conselho que o procurador pretendia fazer um acordo de delação premiada e que as informações repassadas não eram sigilosas.
Em seu voto, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que o vazamento de informações é uma “covardia” e uma “falta de lealdade institucional”, pois “suprime o direito ao contraditório e à ampla defesa”.
À época dos fatos apurados, Goulart era integrante da força-tarefa da Operação Greenfield, que investigava, entre outras, as empresas de Joesley e Wesley Batista, e irregularidades em fundos de pensão.
Em 2018, Vilela foi afastado do cargo pelo conselho, que instaurou processo administrativo para apurar sua conduta. Em dezembro do ano passado, virou réu em ação no Tribunal Regional Federal da 1ª Região por crimes de corrupção passiva, violação de sigilo funcional, lavagem de dinheiro e obstrução de investigação criminal.