O novo coronavírus pode causar danos à saúde cardiovascular. É o que afirma um estudo recente publicado pela Revista JAMA Cardiology, da Associação Médica Americana. Acredita-se que as complicações da Covid-19 ocorrem devido ao alto grau de inflamação provocado pelo vírus no organismo, o que acarreta problemas cardíacos ou piora problemas pré-existentes.
De acordo com o cardiologista do Hapvida Maceió, José da Silva Leitão, a doença pode agredir de forma direta as células do coração e aumentar os níveis de uma enzima chamada troponina, provocando lesão no músculo cardíaco.
“O marcador pode estar elevado mesmo em pessoas que não possuem doenças prévias, por isso que é tão importante cuidar da saúde do coração”, afirma. Os primeiros sintomas incluem dor no peito, falta de ar, cansaço súbito, arritmias e até taquicardias.
Segundo o especialista, a Covid-19 também contribui para outras complicações mais sérias, como infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar, choque cardiogênico e miocardite. O Colégio Americano de Cardiologia divulgou que a taxa de mortalidade do novo coronavírus entre pacientes com doenças cardiovasculares chega a 10,5%.
“O cuidado vale para todos. Aqueles que possuem insuficiência cardíaca descompensada e cardiopatas devem redobrar a atenção pois são pacientes de alto risco. A principal medida é a prevenção, pois, quanto menos você se expor ao vírus, melhor a evolução”, alerta.
O médico ressalta a importância do isolamento social, especialmente no caso de idosos, cardiopatas, diabéticos, transplantados e pessoas com asma, bronquite crônica ou enfisema. “Também é importante de seguir todas as recomendações preconizadas pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde, como o uso de máscara em ambientes públicos e a higienização das mãos”, complementa.
TRATAMENTO
O cardiologista ressalta que as pessoas com doenças pré-existentes não devem interromper o tratamento durante a pandemia da Covid-19, exceto se forem orientadas pelos seus respectivos médicos, e destaca a importância de continuar cuidando da saúde, mesmo em tempos de distanciamento social.
“Temos que lembrar que as doenças cardiovasculares também matam, assim como o coronavírus. Em Nova York, por exemplo, o número de mortes por infarto cresceu oito vezes, provavelmente devido ao medo dos pacientes procurem os serviços de emergência. Tempo é vida. Quanto maior o tempo de espera, pior a evolução. Além disso, há uma estimativa de que, pelo menos, cerca de 50 mil brasileiros deixem de ser diagnosticados com câncer este ano. Não deixe de procurar um médico. As vezes essa demora em procurar um especialista pode custar sua vida”, conclui.