Você bem sabe que primeiro eu comecei a dormir muito pouco, (ou quase nada), depois mordi a língua, na sequência o cabelo começou a cair, etc, etc. Esse é o caminho que eu trilho no estresse.
Apesar de reconhecer isso como um risco e de me dizer, “calma que passa, respira que ajuda, assim você acaba adoecendo antes da hora”, sinto frio na barriga e um aperto no peito que não consigo controlar.
Quando minha mãe morreu com 80 anos, eu acabei assumindo como meta viver o mesmo tempo, talvez por isso esse risco que ronda, trocando o disfarce a toda hora para não ser identificado, trazendo o anúncio de um desconhecido novo normal, ou de fim de linha antes da hora, me assuste tanto.
Não sou a pessoa mais fácil do mundo, mas sou pacífica, pelo menos me vigio para não adotar posturas de torcer pelo caos, mas essa imersão no “tempo de pensar” tem sido um desafio e tanto para seguir acreditando no bem com tanta tristeza por perto.
Fico pensado se sairemos (se eu sairei) dessa melhor. Tem dias que penso que sim, afinal vamos descobrir que muita coisa é supérflua e dias que acho que não, porque estamos endurecendo a casca para aguentar o “tranco”.
As vezes substituo o medo de morrer pelo medo de me isolar, de me afastar ou perder gente que gosto muito por causa dos “ativismos” que assumimos e nos momentos de lucidez me prometo, “não emitirei mais opinião”, qual nada… acabo por trair a promessa que me fiz, ainda que me arrependa na sequência.
Descobri, ou melhor, comprovei, que sou mais frágil que gostaria, mais tola que imagino, mais sem noção que pretendo, mais boba que o razoável.
A vida tem mais cores que o preto e branco da atualidade, tem mais diversidade que as que creio conhecer, tem mais, muito mais de muita coisa que sequer imagino, mas preciso aprender a silenciar para ouvir. Quem sabe se pelo menos para isso sirva?
O vírus não deve ser o único motivo do meu desconforto, mas vou transferir toda a culpa para ele, afinal sem ele eu não precisaria olhar para dentro de mim mesma com tanta intensidade.
“Vai passar, respira fundo, se acalma”, vou continuar a repetir isso todo dia, ao levantar e ao deitar, e aguardar que algum “milagre” aconteça e já será um excelente início, se diminuir minha teimosia em insistir a ser o que inventei de mim.