Mulher é presa por aplicar golpes na internet vendendo roupas que nunca eram entregues

A suspeita usava vários perfis nas redes sociais para aplicar os golpes — Foto: Reprodução/Polícia Civil de Pernambuco

Uma mulher de 20 anos foi presa de forma preventiva no Recife na quinta-feira (4), acusada de praticar golpes na internet. De acordo com o delegado Eronides Meneses, chefe da operação, a suspeita – que não teve o nome divulgado – usava perfis falsos para vender roupas que não existiam e, por isso, nunca eram entregues.

A suspeita está na Colônia Penal Feminina do Recife, no bairro do Engenho do Meio, na Zona Oeste da cidade. A detenção foi feita em uma operação comandada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos.

“Não era só um perfil. Eram vários perfis na internet. Ela pegava as fotos que estavam postadas [por uma loja real] e republicava [nos perfis falsos] com preços menores”, disse o delegado. De acordo com a Polícia Civil, os valores que ela movimentava eram altos.

“Os valores variavam. Seja de 400 reais, até cinco mil reais, ela recebia quase diariamente nas várias contas bancárias. Identificamos as contas, os bancos. Infelizmente, ao que tudo indica, estão vazias, porque ela se desfazia rapidamente, sacava o dinheiro. Não conseguimos apreender quantia na residência dela”, revelou.

A negociação, que começava no Instagram, passava para o Whatsapp. Ali, quando a venda era acertada, ela fornecia os seus dados, como nome completo, conta bancária e CPF.

“Depois que recebia o depósito, ela enrolava a pessoa por cerca de um mês, dizendo que não chegou a mercadoria, que estava com problemas e que iria devolver o dinheiro. Depois de um mês, bloqueava a pessoa e excluía do Instagram”, afirmou Eronides Meneses, de acordo com quem a Polícia Civil achou, no celular da suspeita, conversas com mais de 100 vítimas.

Segundo delegado, a suspeitava bloqueava os clientes no Whatsapp depois de cerca de um mês — Foto: Reprodução/Polícia Civil de PernambucoSegundo delegado, a suspeitava bloqueava os clientes no Whatsapp depois de cerca de um mês — Foto: Reprodução/Polícia Civil de Pernambuco

Quando a mulher era questionada por um CNPJ, ela fornecia o de uma loja verdadeira, com nome semelhante ao dos perfis que ela usava nas redes, que nada tinha a ver com o golpe.

“Ela sempre indicava o CNPJ dessa loja verdadeira, que funciona aqui na cidade de Recife”, afirmou o delegado.

Foi a loja que entrou em contato com a Polícia, revelando que vinha recebendo reclamações por produtos supostamente não entregou às pessoas. A partir dessa denúncia, a investigação começou – e levou três meses até a prisão da suspeita.

“Inicialmente, fomos ver o cadastro do telefone daquela pessoa no Whatsapp. Identificamos que o cadastro do telefone era o mesmo da conta bancária. Essa informação já coincidia. Também fomos no endereço dela. Confirmamos que ela estava lá, residindo neste endereço. Intimamos ela ainda, porque foi bem no início da pandemia, por ser um crime em que a pena é um pouco menor (estelionato, cinco anos)”, revelou o delegado.

Segundo o delegado, no entanto, ela não compareceu à delegacia e ainda continuou a praticar os golpes.

“A loja continuava recebendo ligações de vítimas, a delegacia também estava sendo contactada. E aí representei pela prisão preventiva para que ela cessasse porque estava fazendo muitas vítimas. Estimamos que são centenas de vítimas no Brasil, porque ela vem agindo há três anos, praticando esses crimes. Ela tem 20 anos, ou seja, com 17 anos começou a praticar”, explicou.

Com o pedido de prisão preventiva aceito, a Polícia efetuou a detenção da mulher, que morava num flat de “alto padrão” no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Com ela, foram apreendidos um celular, um notebook, cartões de crédito e até uma maquineta.

“Muitas vezes ela dizia que aceitava cartão de crédito, e as pessoas enviavam para elas os dados para que ela digitasse na maquineta”, disse o delegado.

“Que eu não seja presa”

Além das provas materiais, a Polícia Civil também encontrou algo curioso no apartamento onde a suspeitava morava: uma lista de desejos para o ano de 2020. Um dos itens foi destacado pelos agentes: “Que eu não seja presa”, esperava.

“Infelizmente, [esse pedido] não se realizou”, afirmou o delegado Eronides Meneses.

No apartamento da suspeita, Polícia encontrou lista com desejos para 2020; um deles era "não ser presa" — Foto: Reprodução/Polícia Civil de PernambucoNo apartamento da suspeita, Polícia encontrou lista com desejos para 2020; um deles era “não ser presa” — Foto: Reprodução/Polícia Civil de Pernambuco

 

Fonte: G1

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