Um passeio esperado e um – na verdade dois – reinado que parece longe do fim. Na luta principal do UFC 250, neste sábado, em Las Vegas (EUA), Amanda Nunes fez o que quis nos cinco rounds contra Felicia Spencer e venceu por decisão unânime (50-44, 50-44 e 50-45). A Leoa dominou cada área do combate e manteve o cinturão dos penas (até 66kg), tornando-se a primeira atleta (entre homens e mulheres) a títulos defendidos de duas categorias simultaneamente, já que também é a campeã do peso-galo (até 61kg).
Esta foi a 11ª vitória consecutiva de Amanda Nunes, que não perde desde 2014. Spencer, que mostrou muito coração para aguentar o castigo imposto pela brasileira, perdeu pela segunda vez na carreira em 10 lutas. Na primeira, Cris Cyborg foi a algoz.
A luta
Spencer não demorou a revelar sua estratégia. Encurtar a distância a todo custo para evitar os punhos afiados da campeã. Na primeira investida, Amanda se desvencilhou e, sem pressa, foi conectando seus golpes. Rapidamente um ferimento apareceu na altura do olho direito da canadense. Mais rápida, a Leoa batia e saía em velocidade. Quando a desafiante conseguiu o clinche, Amanda mostrou seu judô para aplicar a queda e cair de guarda passada. Da posição de 100kg, ela deu joelhadas curtas no corpo, transitou para as costas, colocou um dos ganchos, mas perdeu a pegada. Felicia não conseguiu ficar de pé e, por baixo, apenas tentava se defender das cotoveladas. Com 30 segundos para o fim do round, a desafiante conseguiu fechar a guarda. Ela ameaçou escalar para buscar o triângulo, mas não teve tempo.
Spencer voltou arriscando um “superman punch”, mas recebeu um direto de encontro e absorveu bem. Pouco depois a desafiante entrou com um bom direto no rosto da campeã. Amanda seguiu controlando o centro do octógono, defendeu uma tentativa de queda e aproveitou para colocar para baixo na metade do assalto. A canadense voltou a ficar de pé rapidamente, mas a Leoa, sem se expor, controlava o combate com tranquilidade. Nos segundos finais, Felicia acertou um chute alto e recebeu um overhand.
Depois de dois rounds sem assumir riscos, ciente de sua superioridade técnica, Amanda entrou no terceiro round mais agressiva. Suas perigosas combinações começaram a entrar no rosto da canadense, que seguia mostrando toda sua capacidade de resistir a golpes. Após marcar o tempo de um chute de Spencer, a Leoa conseguiu outra queda, mas preferiu seguir de pé. Dominante, variava golpes na cabeça e na linha de cintura. Um chute baixo desequilibrou a desafiante, que recebeu um chute alto logo depois. Jab, direto, uppercut, chute frontal… Amanda Nunes fazia o que queria sem ser ameaçada e terminou o assalto com um soco rodado certeiro.
O quarto round, é claro, seguiu com o mesmo panorama. Amanda mostrava todo seu arsenal de golpes contra uma adversária que não oferecia ferramentas para equilibrar as ações. Felicia mostrava resiliência. Aguentava os ataques da Leoa sem cair – exceto quando a campeã resolvia aplicar suas quedas. Na reta final do assalto, a brasileira resolveu encerrar a luta e, por muito pouco, não conseguiu. Uma sequência avassaladora derrubou Spencer. Amanda foi para as costas, encaixou o mata-leão, mas o cronômetro zerou antes que a canadense fosse finalizada.
Felicia Spencer, coitada, não desistia. Atacou com um double leg no início do round. O resultado foi o mesmo das investidas anteriores: Amanda por cima no solo. Da meia-guarda, a campeã buscava espaço para evoluir, mas a canadense conseguiu fechar a guarda. A Leoa, então, conectou cotoveladas no ensaguentado rosto da desafiante. A brasileira ainda deu espaço para Felicia ficar de pé outra vez. Com 54 segundos para o fim da luta, o árbitro central Herb Dean pediu para o médico avaliar o rosto de Spencer, que foi liberada para seguir. Foram mais 54 segundos de castigo para a desafiante.