A relação entre São Paulo e Rogério Ceni transcende os gramados. E mesmo depois da primeira experiência como técnico não ter sido das mais positivas no clube em que fez história, o ex-goleiro não fecha as portas para um retorno no futuro. Muito pelo contrário. Em entrevista ao jornalista Mauro Cezar Pereira, da ESPN, o atual comandante do Fortaleza abriu o jogo.
“Sobre um dia voltar, se acontecer será um prazer enorme, trabalhei 25 anos lá, uma vida dentro do futebol. Tenho o maior carinho pelo clube, pessoas e dirigentes. Teve esse problema com o Leco, que acontece, faz parte do futebol. No Fortaleza começo a ganhar espaço porque conseguimos ganhar títulos, mas o São Paulo é o clube que me formou”, começou o treinador.
“Independentemente de voltar a trabalhar lá, ou não, é eterno para mim e está no meu coração para sempre. Não há obrigação nenhuma do São Paulo para minha volta. Deixei a vida lá dentro e fiz o meu melhor. Se for possível dar continuidade a essa história, vai acontecer. Essa é uma relação que talvez Zico no Flamengo e Roberto (Dinamite) no Vasco e muito poucos tiveram. Esse sentimento de tantos anos no mesmo clube”, completou.
Durante o papo, Rogério Ceni ainda revelou o desejo de treinar um clube no futebol europeu, mas não se mostrou muito animado quanto à possibilidade e explicou os motivos.
“Eu teria o desejo de chegar à Europa, mas acho muito difícil treinador brasileiro chegar lá, exceto um que ganhe a Copa do Mundo, ou por clube menor. Pela valorização que eles dão ao profissional lá fora, espanhóis e portugueses na Inglaterra, por exemplo. Se eu gostaria, diferentemente de quando jogador? Claro que eu gostaria de poder treinar lá, mas acho que é um mercado muito difícil para um treinador brasileiro alcançar”, afirmou Ceni, antes de completar:
“Se tivesse essa oportunidade, eu pensaria. Estou com 47 para 48 anos, para treinador, novo. Mas meu treino é muito intenso, não sei até quando o corpo aguenta, tem que encontrar gente para trabalhar comigo. O Charles (Hembert, auxiliar francês que Ceni levou para o São Paulo em 2017) segue comigo, me ajuda bastante. Mas se eu tivesse uma oportunidade numa equipe que possa jogar entre os 10 primeiros em uma liga portuguesa, espanhola, pensaria seriamente. Mas antes, tem que dominar a cultura e o idioma. Se não estiver pronto para isso, dificilmente terá sucesso”, finalizou o técnico do Fortaleza.