Leitos para Covid

Para que servem os leitos?

A COVID ē uma doença nova, de alta transmissibilidade, sem vacina, sem remédio que cure, sem nenhum tratamento garantido para evitar complicações. Na verdade é uma roleta russa, com maior chance de não acontecer nada, mas com aquele risco possível de ser o dia da bala.

Os leitos servem para MANEJAR o paciente, isso significa ir resolvendo, com os recursos existentes, os problemas que vão aparecendo, até finalmente o organismo reagir, alguma coisa funcionar.

Quando se fala de disponibilidade de leitos, precisa ficar compreensível que há necessidade de um “conjunto” de coisas que vão desde o espaço físico (local e cama), até os recursos humanos e os equipamentos.

Com relação aos recursos humanos, infelizmente eles não “brotam” do nada, são necessários anos de estudo, portanto, não vamos encontrá-los com uma varinha de condão. Tem sido um desafio preencher as vagas, num país tão grande e tão desigual, mas mesmo os serviços que conseguem, tem um fator para atrapalhar, os profissionais são humanos e adoecem. Sem trabalhador, o leito, ainda que exista, não funciona naquele momento.

Com relação aos equipamentos, o Brasil adotou uma postura confusa, ao invés de usar o peso de ser uma nação grande e sair pelo mundo para barganhar uma compra única, optou por forçar um salve-se quem puder, deixar que cada um tentasse resolver suas necessidades por conta própria.

Nesse ponto da história temos três cenários possíveis: o primeiro, Gestores desonestos usando o momento para enriquecimento ilícito; segundo, empresários dispostos a tirar vantagens desonestas sem nenhum pudor e terceiro (no meio da bagaceira), a grande maioria dos Estados e Municípios, perdidos, sem saber onde e por quanto comprar equipamentos completamente fora da rotina, em falta no mercado, oferecidos das mais diferentes formas, e com um agravante, a urgência, a necessidade de correr contra o tempo.

Acontece que mesmo quando se consegue comprar o equipamento, recebê-lo por um preço justo e adequado ao uso (uma verdadeira gincana), tais equipamentos não foram projetados para trabalhar ininterruptamente, 24 horas por dia, por 100 dias seguidos e quebram, precisam de manutenção.

Visto isso, aquela primeira equação, a que fala “do leito, de pessoal e do equipamento”, pode de um momento para o outro dar errado. Ou não tem o profissional, ou não tem o equipamento, sem que haja nisso alguma deliberada má conduta.

Para que servem os leitos? Para permitir que se tente preservar a vida.

Que bom que existem gestores que mesmo diante de tanto ranço, tanta falta de empatia, tanta falta de humanidade, se colocaram a favor do bem e da vida, e se empenharam para tentar montar leitos, apesar das tantas dificuldades, apesar de tudo.

Quando você ouvir que tem gente em “fila de espera” para um leito, tentando ludibriar o dia da bala da roleta russa, não pense apenas que houve corrupção, pense que pode ter havido falta de sorte para prover tudo o que se faz necessário, ou então que houve omissão centralizada, quando não organizamos o País para ampliá-los de forma planejada.

A negação da realidade não foi uma boa aliada, meu lamento por cada morte, minha solidariedade por cada família, meu abraço para cada profissional, minha tristeza por tudo o que não fizemos como pátria amada Brasil.

 

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