O advogado Rodrigo Roca assumiu neste fim de semana a defesa de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no inquérito que apura as rachadinhas na Alerj, após a saída do advogado Frederick Wassef.
A informação foi confirmada pela assessoria do senador. Roca defenderá Flávio com a advogada Luciana Pires, que já representava o parlamentar.
Os advogados Rodrigo Roca Pires e a Luciana Pires são irmãos por parte de pai. Já foram sócios em um escritório, mas Luciana – que é 8 anos mais nova – decidiu abrir o próprio escritório há uns anos, em sociedade com a advogada Juliana Bierrenbach, que defende Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio RJ, na Operação Lava Jato.
Roca foi advogado do ex-governador do Rio Sérgio Cabral até o fim de 2018. Cabral está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, condenado a mais de 200 anos de prisão na Lava Jato.
Rodrigo Roca também representou o general José Antônio Nogueira Belham em 2014, no processo contra cinco militares reformados do Exército pelo homicídio e ocultação de cadáver do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura militar. De acordo com as investigações do MPF-RJ, a tortura e o assassinato de Rubens Paiva aconteceram dentro do Destacamento de Operações de Informações (DOI). Belham era ex-mandante do DOI.
Rodrigo e Luciana também defenderam, em 2014, o general Nilton Cerqueira, apontado como um dos envolvidos explosão de uma bomba no estacionamento do Riocentro, na Zona Oeste do Rio, na noite de 30 de abril de 1981. A bomba explodiu dentro de um carro no estacionamento e matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário. A denúncia foi aceita em primeira instância na Justiça Federal. Atualmente o processo aguarda decisão de instância superior.
No último domingo (21), o senador Flávio Bolsonaro publicou em uma rede social que Wassef não era mais seu advogado.
Queiroz e Flávio são apontados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de participação em um suposto esquema de “rachadinha” na época em que o senador era deputado estadual.
Em sua postagem na rede social, Flávio Bolsonaro elogiou a “lealdade e a competência” de Wassef e afirmou que ele deixava a causa mesmo estando ciente “de que nada fez de errado”.
“A lealdade e a competência do advogado Frederick Wassef são ímpares e insubstituíveis. Contudo, por decisão dele e contra a minha vontade, acreditando que está sendo usado para prejudicar a mim e ao Presidente Bolsonaro, deixa a causa mesmo ciente de que nada fez de errado”, escreveu o senador.
No sábado (20), o advogado havia dito que o presidente Jair Bolsonaro e seu filho Flávio não sabiam onde estava Queiroz.
À Polícia Civil, um dos caseiros que estavam na casa em Atibaia no dia da prisão afirmou que Queiroz morava no local havia cerca de um ano.
Wassef, porém, afirmou no sábado que o ex-assessor não morava na casa de Atibaia. “O Queiroz não mora lá. O Queiroz estava no Rio de Janeiro. As pessoas que estavam lá dizem que ele chegou há menos de quatro dias”, disse.
Investigação das rachadinhas
Flávio Bolsonaro é apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de uma organização criminosa que teria atuado em seu gabinete no período em que foi deputado da Assembleia Legislativa (Alerj), de 2003 a 2018.
No esquema conhecido como “rachadinha”, segundo a apuração, os funcionários devolviam parte dos salários ao parlamentar, e o dinheiro era lavado com aplicação em uma loja de chocolates no Rio da qual o senador é sócio e em imóveis. A estimativa é que cerca de R$ 2,3 milhões tenham sido movimentados.
Flávio Bolsonaro nega todas as acusações, diz ser vítima de perseguição e critica o vazamento das informações do processo, que corre em segredo de Justiça.
Fabrício Queiroz é apontado pelo MP como operador do esquema. Ele empregava funcionários fantasmas e exigia parte do salário (ou mesmo a integralidade dele) de volta.
Ao todo, 13 funcionários participaram da chamada “rachadinha”. A Promotoria identificou o recebimento de 383 depósitos na conta bancária de Queiroz, em valores que, somados, passam de R$ 2 milhões.