O presidente da República Jair Messias Bolsonaro fez neste sábado (27) uma visita a Araguari. O compromisso não estava na agenda oficial. Desde ontem, o G1 e a TV Globo procuraram a Secretaria de Comunicação Social da Presidência para saber mais informações sobre a viagem, mas somente por volta das 10h40 chegou a confirmação de que ele estava na cidade mineira.
A Presidência disse que informaria “oportunamente quando houvesse novidades”. Contudo, após a estada, Bolsonaro foi embora e até a última atualização desta reportagem ainda não havia sido informado o motivo da visita.
Bolsonaro foi ao município para um passeio a convite do deputado federal José Vitor de Resende Aguiar (PL). Ele é de Araguari e estava na aeronave juntamente com autoridades e empresários nesta manhã.
O presidente pousou em Minas pouco antes das 10h30, no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-050. A rodovia precisou ser fechada por alguns instantes, e a imprensa não foi autorizada a se aproximar neste momento.
Bolsonaro se reuniu os policiais rodoviários e com o diretor geral da PRF. Depois foi para a margem da rodovia, onde ficou por alguns minutos, cumprimentou apoiadores e acenou para os veículos que passaram pelo local.
Em nota, a Eco050, concessionária que administra a rodovia federal, informou que precisou interditar a rodovia para Bolsonaro pousar, que no local a equipe de operação da concessionária, formada por caminhão-pipa, guincho leve, guincho pesado, ambulância de resgate e viatura de inspeção, auxiliou no processo e que o presidente permaneceu por aproximadamente 90 minutos na região. Além disso, durante este período, o tráfego da rodovia fluiu com interdições somente na hora do pouso e da decolagem.
Ainda no local, o presidente experimentou um refrigerante típico da cidade e a coxinha do Apolo. Um bar famoso de Araguari que, apesar de estar fechado por conta das restrições de circulação na cidade, disponibilizou o produto para a visita.
Sobre o restante da visita a Araguari, de forma extraoficial, o presidente foi até o 2º Batalhão Ferroviário – Batalhão Mauá. No local estão apoiadores do presidente fizeram fila cedo, passaram em revista para detecção de metais e conferência do uso de máscaras para proteção contra a Covid-19.
Entretanto, após a chegada do presidente, houve aglomeração e desrespeito às medidas de segurança contra o novo coronavírus.
Uso de máscaras
Em Araguari, o presidente Jair Bolsonaro esteve em alguns momentos com máscara e outros sem. O uso durante a pandemia do novo coronavírus é indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para proteção contra a doença.
Na cidade mineira, conforme decreto municipal publicado pela Prefeitura em abril, sobre a pandemia da Covid-19, “fica instituída a obrigatoriedade do uso de máscara não cirúrgica de tecido pela população em geral e pelos usuários de bens e de serviços em órgãos públicos, ou em locais de acesso ao público, tais como, instituições financeiras e seus correspondentes bancários, casas lotéricas, no transporte coletivo, e nos demais estabelecimentos do comércio em geral e de prestação de serviços”. Ainda conforme o decreto, o uso de máscaras também é obrigatório por passageiros no interior do veículos.
Em nota, a Prefeitura disse que “se sente extremamente feliz com a visita do Presidente da República”, e que “é contra qualquer tipo de aglomeração”. Além disso, “recomenda a toda a população o uso de máscaras” e informou que “não tem medido esforços para que a Covid-19 não seja disseminada de forma avassaladora na cidade”.
“Com essa visita, milhares de pessoas foram colocadas em risco, e principalmente os habitantes de Araguari”.
Ainda conforme a Prefeitura, “os trabalhos em conjunto com as entidades do município no combate à Covid-19 continuam, a união em prol da população de Araguari se faz necessária, e as ações políticas devem ficar em um segundo plano, prevalecendo o bem-estar e a saúde de seus munícipes”.
Obrigação de máscara em Brasília
Em Brasília, a Justiça Federal obrigou Bolsonaro a usar máscara em espaços públicos do Distrito Federal. Nesta sexta-feira (26), a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão. A AGU argumenta que a decisão, do juiz federal Renato Borelli, tornou a fiscalização sobre Bolsonaro mais rígida do que a sobre os demais cidadãos. Isso porque, segundo o órgão, todas as pessoas do DF já estão sujeitas à obrigatoriedade de máscara. A AGU entende que não cabe uma decisão específica impondo a obrigação individualmente para Bolsonaro.
No Distrito Federal, o uso da máscara é obrigatório desde o dia 30 de abril. Mas, em várias ocasiões, o presidente Bolsonaro ignorou a determinação.
Batalhão Mauá
Após sair da BR-050, o presidente seguiu para o 2º Batalhão Ferroviário – Batalhão Mauá. No local centenas de apoiadores causaram aglomeração ao esperar o presidente com faixas e alguns estavam com máscaras, outros sem.
O presidente chegou por volta das 12h20 de carro. Acenou para a população e foi seguido por seguranças. Após descer, cumprimentou os apoiadores, tirou fotos e ouviu palavras de apoio. Houve muita aglomeração e confusão.
Em seguida, foi para dentro do batalhão e seguiu para o Centro de Instrução de Engenharia, onde é realizada a formação de novos oficiais. Por volta das 13h50 Bolsonaro saiu de carro e seguiu para o aeroporto.
História do Batalhão
O 2º Batalhão Ferroviário – Batalhão Mauá é uma Unidade da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro especializada em construção de ferrovias e rodovias, que trabalha na integração do território nacional. Criado em 1938 em Rio Negro, no Paraná, ligou o sul do país aos grandes centros.
Em 1965, o Batalhão Mauá foi para Araguari com a missão de construir a linha férrea do Triângulo Mineiro até Brasília e integrar a capital do país ao sistema nacional de transportes. As obras terminaram em 1968 com a chegada do trem à capital federal. Além de executar serviços de pavimentação de ruas e avenidas; reforma e ampliação de trechos de estradas em Minas e na Bahia, o Batalhão também é responsável pela formação de jovens que todos os anos ingressam no serviço militar.