A operação Lava-Jato camuflou os nomes dos presidentes da Câmara e do Senado uma extensa denúncia de dezembro de 2019. Em um documento, divulgado pelo Poder360, Rodrigo Maia (DEM) aparece como Rodrigo Felinto” e David Alcolumbre (DEM) como “David Samuel”.
A avaliação da PGR é que essa “camuflagem” dos nomes seria uma técnica para os procuradores de Curitiba investigarem autoridades sem se submeterem aos foros adequados. O time de Augusto Aras vem procurando possíveis inconsistências e erros em denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato.
A PGR em Brasília encontrou vários casos semelhantes. Haveria até nomes incompletos de ministros do STF, que podem ter tido seus sigilos quebrados de maneira irregular. Até agora, não há provas de que de fato os nomes camuflados em denúncias possam ter sido todos investigados. É isso que a PGR em Brasília agora tenta descobrir.
Políticos citados na tabela da denúncia são identificados pelos nomes públicos –como Dilma Rousseff e Aécio Neves– e pelos partidos. O que não ocorre com Maia, Alcolumbre e alguns outros.
Lava-Jato nega
Em nota, enviada ao Poder360, a operação diz que nenhuma autoridade com foro privilegiado foi alvo da investigação ou denúncia. Leia na íntegra:
“A investigação e a denúncia se restringiram às condutas de agentes ligados às empresas envolvidas na lavagem de dinheiro. Nenhuma autoridade com foro privilegiado foi alvo da investigação ou denúncia.
Na denúncia, consta uma tabela com 321 doações eleitorais feitas pelas empresas investigadas, que foram identificadas em pesquisa no Sistema de Prestação de Contas Eleitorais, sem juízo de valor sobre elas. O fato relevante era a realização de despesas pelo Grupo Petrópolis a pedido do Grupo Odebrecht.
As doações tabeladas constam com maiores detalhes em documentos anexos à denúncia, em que consta o nome completo de todos os candidatos beneficiários. Pelo menos 37 das 321 linhas indicaram nomes incompletos ou sem identificação do partido, o que em nada prejudica a imputação nem a identificação das doações que constavam igualmente de modo completo nos documentos anexos à denúncia.”