Dados do Ministério da Saúde mostram que a Covid-19 ‘rejuvenesceu’ após a flexibilização do isolamento

A reabertura de parte das atividades econômicas em vários estados brasileiros, no começo de junho, coincide com uma explosão de casos de Covid-19 entre pessoas de 20 a 39 anos. Compilação feita pelo EXTRA a partir de dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica, do Ministério da Saúde, mostra um pico de infecções nessa faixa etária 15 dias após o início da flexibilização do isolamento — este é justamente o tempo médio de incubação do novo coronavírus até que surjam os sintomas da doença.

Os jovens já representam a maioria dos casos em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. O infectologista Jamal Suleiman, do Hospital Emílio Ribas (SP), confirma a relação entre o “rejuvenescimento” da doença e a flexibilização:

— Os casos entre jovens já eram expressivos nas periferias, onde isso de ficar em casa nunca funcionou na prática. Com a flexibilização, um fenômeno que era periférico se estendeu a toda a cidade. Todo mundo começou a sair. E os mais vulneráveis para a doença grave são os idosos, mas quem leva a infecção para dentro de casa são os mais jovens, que saem para trabalhar.

Os números nacionais permitem entender como se deu a disseminação do novo coronavírus de acordo com a idade dos infectados e indicam que, entre o início e o fim de junho, houve crescimento no contágio na população mais jovem. O aumento ocorreu inclusive em semanas em que houve uma queda no número de casos de Covid-19 no restante da população. O pico ocorreu entre os dias 14 e 20 de junho, com 1.107 pacientes desta faixa etária hospitalizados.

Na cidade do Rio, em julho, a Covid-19 atingiu, principalmente, adultos na faixa de 30 a 39 anos. Eles foram 23,9% das pessoas que adoeceram pela doença no mês passado.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 1.037 jovens entre 20 e 29 anos relataram ter começado a sentir os sintomas da Covid-19 na semana do dia 7 de junho deste ano. O número é 28% maior do que, por exemplo, o que foi registrado na semana que teve início em 10 de maio. E o aumento ocorreu mesmo com uma queda de 12% no total de casos quando comparados os dois períodos.

Os dados são baseados na data dos primeiros sintomas relatados pelos pacientes e só levam em conta os hospitalizados. Uma pessoa que apresentou seus primeiros sintomas no dia 15 de junho, por exemplo, teve contato com o vírus depois de 1º de junho, uma vez que o período de incubação do vírus no organismo pode ser de dois a 14 dias.

— O problema é que a doença vem em ondas. E não temos muita clareza de quanto isso vai durar. Tudo o que fazemos hoje veremos como vai se processar na curva daqui a 14 dias — diz Suleiman, que alerta: — O distanciamento social ainda é a melhor estratégia que temos para bloquear a infecção

Fonte: Extra

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