Um motorista de ônibus afirmou que foi vítima de agressão quando pediu a uma família utilizasse máscaras de proteção, que são de uso obrigatório dentro dos coletivos e nos demais espaços públicos devido à pandemia de Covid-19. A câmera de segurança do coletivo flagrou o caso, ocorrido no Grande Recife.
O rodoviário, que pediu para não ser identificado, contou sobre o caso nesta terça-feira (1º), em entrevista ao Bom Dia PE. A agressão aconteceu no começo da manhã de sexta-feira (28).
“Ao sair na minha segunda viagem, como de costume no dia a dia, subiu uma família. Eu solicitei o uso da máscara e [a resposta do homem foi] feita com bastante ignorância, com palavras de baixo calão. Estava diante da esposa dele, uma filhinha e um filho grande. Eu só quis solicitar a máscara. Ele ameaçou e, com o carro em movimento, deu um murro”, contou o condutor.
As imagens da câmera de segurança do ônibus mostram que o homem colocou a mão no bolso, aparentemente para pegar a máscara de proteção, e logo em seguida agrediu o motorista.
“Ele disse que, se estivesse armado, me dava um tiro, que não tinha medo de mim”, relatou o motorista.
De acordo com ele, o coletivo estava cheio, com diversos passageiros. Após a agressão, o rodoviário agredido contou que parou o veículo e ficou em pé próximo ao motor para tentar se proteger. “Quando eu fui chamar a polícia, o filho dele puxou a válvula de emergência”, recordou. A válvula de emergência abre as portas do coletivo, então a família saiu do ônibus.
O motorista disse, ainda, que pai da família pegou uma pedra e arremessou no coletivo. A família desceu no Terminal Integrado do PE-15, em Olinda, e foi abordada pela polícia. O motorista prestou queixa pela agressão.
O G1 entrou em contato com a Polícia Civil para saber como ficaram as investigações do caso e se o agressor foi identificado e atuado, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Distanciamento e uso de máscara
A superlotação nos coletivos do Grande Recife é um problema em todo o período de reabertura dos setores da economia em meio a pandemia da Covid-19. Kátia Sena, gerente de fiscalização do Consórcio Grande Recife, afirmou que o motorista pode se negar a levar o cidadão que não estiver utilizando a máscara de proteção, medida necessária para a contenção do novo coronavírus. No entanto, ela ressaltou que a responsabilidade é coletiva.
“Todos têm que estar envolvidos. […] Nós como cidadãos temos que nos manifestar e quebrar esse ciclo de abuso e descumprimento de lei. A portaria 064 e a portaria extraordinária 005 estabelecem que temos que fazer isso, que temos que exigir [o uso da máscara]”, disse.
Ao ser questionada sobre a precariedade do distanciamento social nos ônibus e a falta de higienização relatada por alguns passageiros, a diretora afirmou que o consórcio irá investigar as causas.
“Essa sensação por conta de não estar vendo essa limpeza com mais frequência… A gente vai averiguar o que está acontecendo, o que está sendo feito nos terminais e o que está sendo acompanhado […] para tentar intensificar a limpeza”, completou.