MPF pede à Justiça que determine à JBS a apresentação de contratos com advogado Frederick Wassef

Frederick Wassef. Foto: Reprodução/GloboNews

Frederick Wassef Foto: Reprodução/GloboNews

A força-tarefa da Operação Greenfield pediu à Justiça Federal nesta sexta-feira (4) que determine ao grupo J&F e à empresa JBS a apresentação dos contratos que elucidem a relação do grupo — ao qual pertence a empresa — com o escritório do advogado Frederick Wassef.

De acordo com o Ministério Público Federal, a J&F informou não ter qualquer relação contratual com Wassef e a JBS se recusou a apresentar os contratos, alegando sigilo profissional.

O MPF pediu informações à J&F sobre as ligações do grupo com o escritório de Wassef depois da divulgação de pagamentos da JBS ao advogado. Segundo a TV Globo apurou, o escritório de advocacia Wassef & Sonnenburg recebeu da empresa R$ 9,8 milhões entre os anos de 2015 e 2020. As movimentações financeiras foram identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o que levou ao pedido de esclarecimentos da força-tarefa da Greenfield.

Frederick Wassef se apresentava como advogado da família do presidente Jair Bolsonaro e costumava frequentar o Palácio do Planalto. Ele trabalhou na defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente, no caso das chamadas “rachadinhas” (confisco de parcela dos salários de assessores do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio). Fabricio Queiroz, suposto operador do esquema das “rachadinhas” e ex-assessor de Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual, foi preso pela Polícia Federal em uma casa de Wassef, em Atibaia (SP).

Os procuradores pediram cópias de contratos da JBS ou de outras empresas do grupo com o escritório de Wassef, além de notas fiscais, cópias de petições firmadas pelo advogado entre outros documentos.

Na resposta aos procuradores, a empresa afirmou que as atividades desempenhadas pelo advogado foram lícitas e não têm relação com o acordo de leniência firmado pelo grupo J&F, nem com as delações fechadas por seus executivos com a Justiça.

“As atividades advocatícias exercidas pelo mencionado advogado, ou por sua equipe, guardavam relação, única e exclusiva, com o acompanhamento de procedimentos de natureza criminal que envolviam (e ainda envolvem) interesses da companhia. Tal relação comercial, como todas as outras relações em que a JBS contrata terceiros prestadores de serviços, seguiu, rigorosamente, os ditames da legislação pátria e as normas de integridade da própria companhia, previamente aprovadas por seu departamento de compliance”, afirmou a JBS ao recusar a apresentação dos documentos.

No pedido apresentado nesta sexta, os procuradores dizem que os documentos solicitados não abordam comunicação, correspondência, relacionamento ou estratégia de defesa entre advogado e cliente, mas a efetiva prestação de serviços pelo escritório ao grupo.

“O que foi solicitado objetivamente foram documentos que demonstrassem a efetiva prestação de serviços advocatícios (se de fato existirem), como contratos da JBS com escritório de Frederick Wassef, notas fiscais, procurações ad judicia correspondentes, lista de inquéritos policiais em que Frederick Wassef atuou, cópias da petições firmadas por Frederick Wassef”, dizem os procuradores da força-tarefa Greenfield

Para os procuradores, não há “óbice à apresentação dos documentos requisitados pela FT [força-tarefa] Greenfield, e sim uma recusa indevida em prestar informações”. A força-tarefa considera que o esclarecimento é importante já que que pode ter consequências para o acordo de leniência celebrado com o grupo.

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