Aos sete meses de gestação, Nanda dos Santos vai aparecer na noite desta quinta-feira, 1, com seu barrigão para milhões de pessoas no mundo. Ela estará na apresentação que Anitta fará na premiere do Fifa 2021, que tem “Me gusta” na trilha como representante do Brasil no game. Antes disso, porém, a bailarina de Mesquita, na Baixada Fluminense, roubou a cena rodopiando e rebolando entre os Arcos da Lapa e a Escadaria Selarón, no Centro do Rio, na gravação do clipe da coreografia do hit.
“Fui convidada pela Arielle (Macedo, coréografa) e tive dois dias para ensaiar. Nem eu imaginava que daria para fazer tantos movimentos, já que a barriga está pesando. Só me pediram para ter cuidado e não descer até o chão. Mas bem que eu queria”, conta ela.
No corpo de bailarinas existe bastante diversidade. Mulheres negras, trans, plus size e até a grávida. Tudo isso fez Nanda se sentir representada. “Achei incrivel juntar tantos tipos diferentes para mostrar como a dança pode ser universal e igualar todos. Recebi muitas mensagens carinhosas de outras gestantes, que me disseram que estou servindo de inspiração para elas”, explica.
Nanda sabe bem o que a dança pode fazer para as minorias. Ela trocou os palcos e clipes, nos quais chegou a dançar com Ludmilla, IZA e Pocah, para ter um emprego estável e experimentar algo totalmente novo: dar aulas para alunos especiais e com algum tipo de deficiência. “Só Deus sabe o que eu passo todos os dias conhecendo a história de cada um. Meus alunos me fizeram enxergar além. Não os trocaria por uma vida de fama”, garante a professora, que planeja entrar para a universidade, obter licentciatura e ter a própria academia só para este público.
Só que este projeto vai ter que esperar o nascimento de Lion, primeiro filho da bailaria. Aos 22 anos, Nanda está encarando os desafios de uma mãe solo. “Namorei com o pai dele por seis anos. Não foi uma gravidez planejada e até o terceiro dia de gravidez eu não conseguia entender, já que eu usava pílula. Mas encontrei muito apoio. Da minha família, dos amigos e até de desconhecidos agora”, enumera ela, que já começa a sentir saudade dos “privilégios” que vai deixar de ter quando parir: “No clipe, a grávida aqui tinha sombra, água fesca, comidinha… Estou amando esse negócio de ser preferencial”.