Com a ação deliberada do Palácio do Planalto para controlar a CPI mista das fake news, parlamentares decidiram antecipar o movimento de municiar investigações da Polícia Federal com o material coletado pela comissão.
A percepção de integrantes da CPI é que depois que o Centrão passou a integrar a base do governo, há uma tentativa de esvaziar os trabalhos.
Tanto que a CPI foi paralisada no início da pandemia e, até o momento, não conseguiu retomar as sessões. Senadores e deputados ouvidos pelo blog apontam articulação do Planalto junto ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), para congelar a comissão.
Foi dentro desse contexto que o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) prestou depoimento à Polícia Federal, na semana passada, quando apontou relação direta do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) com o esquema que difunde conteúdo falso na internet.
Frota afirmou que Eduardo Bolsonaro estaria envolvido com a orientação e a divulgação de atos que pediam fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar. O depoimento foi prestado dentro do inquérito que investiga os organizadores e financiadores de atos antidemocráticos. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, é o relator.
De acordo com os dados apresentados por Frota, os computadores de onde partiram orientações para os atos estão relacionados a endereços de Eduardo Bolsonaro ou de assessores dele.
No depoimento à PF, Frota também apontou envolvimento de outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ)o.
Indagado pela PF, Frota disse que o chamado “gabinete do ódio” atuava para incitar animosidade entre as Forças Armadas, o STF e o Congresso e era voltado a impedir o livre exercício dos poderes, conforme consta em material sob poder da CPI.