Guedes estima tombo menor do PIB em 2020, de 4%

Adriano Machado / Reuters

O ministro da Economia, Paulo Guedes, estimou nesta segunda-feira (19) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá retração de 4% em 2020. Esse tombo é menor do que estimado pelo mercado financeiro e também representa uma melhora em relação à previsão mais recente divulgada pela própria equipe econômica do governo em setembro (- 4,7%).

Guedes deu as declarações em videoconferência transmitida pela Câmara de Comércio Estados Unidos-Brasil.

“A previsão inicial do FMI [Fundo Monetário Internacional] e outras instituições financeiras era que o PIB brasileiro cairia quase 10%, ou mais. E revisamos para 5% a 5,5% [de recuo]. Mas pensamos que vai ser muito menos do que isso, 4% de queda”, declarou o ministro.

Segundo pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, e publicada também nesta segunda, o PIB deverá registrar retração de 5% neste ano.

O Banco Mundial prevê uma queda de 5,4% no PIB brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 5,8% em 2020. A forte desaceleração da economia neste ano é reflexo da pandemia do novo coronavírus.

Segundo o ministro da Economia, o desafio, neste momento de recuperação da economia brasileira, é transformar essa “onda de consumo” gerada pelo pagamento do auxílio emergencial a trabalhadores informais, em um “boom de investimentos”.

Para que isso aconteça, apontou Guedes, é preciso manter o teto de gastos, mecanismo que limita as despesas públicas à variação da inflação do ano anterior, além das reformas estruturais e, também, a reformulação dos marcos legais para investimentos.

“Valorizamos o teto de gastos, que não existe em nenhuma economia emergente. Mas nenhuma outra economia tem um piso indexado como temos. Uma herança ruim dos tempos inflacionários, indexamos tudo. O que acontece é que a classe politica não controla o orçamento, pois 96% do orçamento federal é carimbado”, disse o ministro.

Para o teto de gastos não “colapsar”, o que em sua visão pode acontecer “a qualquer momento”, é necessário construir as paredes, que são o pacto federativo e a reforma administrativa.

“Se não desindexarmos a economia, desobrigarmos despesas que acontecem automaticamente, precisamos do teto. É como um símbolo, uma bandeira de que alguns de nós estamos nas trincheiras, nas cercas, para defender as gerações futuras. Estamos aqui para manter a briga pelo teto, o tanto que for necessário”, afirmou.

Meio ambiente

No evento da Câmara de Comércio EUA/Brasil, o ministro Paulo Guedes também pediu ajuda dos estrangeiros na preservação do meio ambiente. O governo Jair Bolsonaro vem recebendo fortes críticas no exterior devido ao aumento das queimadas e do desmatamento no Brasil.

“Devemos explorar o futuro juntos. Ajude-nos ao invés de só criticar, levante sua mão, nos ajude a preservar o meio ambiente. Nós, brasileiros, entendemos que temos um papel importante em manter uma matriz de energia limpa, de ingressar em uma nova era de baixo carbono. Estamos nos movendo de petróleo para gás natural e energia eólica. Estamos prontos para cooperação e investimentos. Nós precisamos de ajuda”, declarou.

Fonte: G1

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