Três semanas depois das demais 5 mil cidades brasileiras, Macapá realiza neste domingo (6) o primeiro turno das eleições municipais, que foi adiado pela Justiça Eleitoral após o estado registrar um apagão de energia elétrica e uma situação de calamidade pública.
Os 292 mil eleitores de Macapá vão às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e 23 vereadores. Como a cidade tem mais de 200 mil votantes, pode ter uma votação em segundo turno, marcada para o dia 20 deste mês, caso nenhum dos dez concorrentes a prefeito supere 50% dos votos válidos.
A eleição na capital do Amapá acontece com contornos nacionais inéditos. Não só pelo longo apagão que durou dias e acionou autoridades de todos os poderes, mas também pelo fato de ser a primeira votação depois que o senador amapaense Davi Alcolumbre (DEM) assumiu a presidência do Senado.
Josiel Alcolumbre (DEM), irmão e suplente do presidente do Senado, é um dos dez candidatos a prefeito da cidade. O senador faz campanha pela eleição do irmão e se envolveu diretamente nas discussões sobre adiar ou não a votação diante do apagão.
Até a semana da data original do primeiro turno, os irmãos Alcolumbre defendiam a manutenção do pleito em 15 de novembro. A posição mudou depois que a falta de energia elétrica se estendeu e cresceram as tensões sociais na capital do Amapá.
Em entrevista a uma rádio do seu estado, Davi Alcolumbre afirmou que o irmão era “o maior prejudicado” pelo apagão. O senador argumenta que Josiel ficou vulnerável às críticas dos adversários por estar liderando as pesquisas no momento do adiamento.
Além do irmão Davi, Josiel também é o candidato apoiado pelo governador Waldez Góes (PDT) e pelo atual prefeito, Clécio Luís (sem partido).
Na outra ponta, um outro personagem nacional também se dedica ao pleito no estado. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da minoria no Senado, faz campanha pela eleição do ex-senador João Capiberibe, o Capi (PSB).
OS CANDIDATOS
Capi (PSB)
Vice: Rubem (Rede) / Frente Macapá Solidária (PSB e Rede)
Cirilo Fernandes (PRTB)
Vice: Lindemberg O Ceará (PRTB) / Sem coligação
Dr. Furlan (Cidadania)
Vice: Monica Penha (MDB) / De Coração por Macapá (Cidadania, MDB e PMN)
Gianfranco (PSTU)
Vice: Jairo (PSTU) / Sem coligação
Guaracy (PSL)
Vice: Didio (Patriota) / Deus, Pátria e Família (PSL e Patriota)
Haroldo Iram (PTC)
Vice: Moises Amaral (PTC) / Sem coligação
Josiel (DEM)
Vice: Silvana (Avante) / Macapá em Primeiro Lugar (DEM, Avante, PDT, PSC, PL, PV, PSDB, PSD, Solidariedade, Pros, Republicanos e PP)
Patrícia Ferraz (Podemos)
Vice: Ten. Juraci (Podemos) / Sem coligação
Paulo Lemos (PSOL)
Vice: Lorena Quintas (PCdoB) / Macapá para Todos Nós (PSOL e PCdoB)
Professor Marcos (PT)
Vice: Geovane (PT) / Sem coligação
PESQUISA
Pesquisa do instituto Ibope divulgada na quinta-feira (3) trouxe Josiel Alcolumbre (DEM) em primeiro lugar, com 28% das intenções de votos válidos.
O levantamento trouxe seis candidatos em segundo lugar, dentro do intervalo da margem de erro: Dr. Furlan (Cidadania), 14%; Patrícia Ferraz (Podemos) e Capi (PSB), 13%; Cirilo Fernandes (PRTB), 10%; Guaracy (PSL), 9%; e Paulo Lemos (PSOL), 7%.
Os candidatos Professor Marcos (PT) tem 3%, enquanto Haroldo Iram (PTC) e Gianfranco (PSTU) apareciam com 2% cada.
A pesquisa Ibope foi contratada pela Rede Amazônica e ouviu 602 eleitores entre os dias 1º e 3 de dezembro. A margem de erro é de quatro pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. A identificação na Justiça Eleitoral é AP-01464/2020.
APAGÃO
O adiamento das eleições em Macapá foi definido pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, após o apagão elétrico no Amapá chegar ao 11º dia consecutivo, trazendo aumento da criminalidade e dificuldades logísticas adicionais para a realização do pleito.
Presidente do TRE do Amapá, o desembargador Rommel Araújo, conversou com a CNN e explicou que a decisão do adiamento foi feita para garantir a segurança do eleitor.
“Nós não poderíamos colocar em risco a segurança do eleitor por conta de situações alheias à vontade da Justiça Eleitoral, mas que surgiram em razão do apagão. De sorte que, com o adiamento das eleições, nós iremos trazer mais policiais para a capital e garantir o direito ao voto. Eu não vejo isso como qualquer tipo de prejuízo para estado do Amapá”, disse.