PMs suspeitos de agredir jovem em loja são acusados de racismo

Homens imobilizam Matheus no Ilha Plaza — Foto: Reprodução/TV Globo

Os policiais militares Gabriel Izaú e Diego da Silva, suspeitos de terem agredido e ameaçado o entregador Matheus Fernandes dentro do Shopping Ilha Plaza, na Zona Norte do Rio, foram denunciados nesta quarta-feira (9) pelo crime de racismo pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

O episódio ocorreu no início de agosto, quando Matheus, de 18 anos, denunciou que foi agredido e ameaçado por dois homens no Ilha Plaza Shopping.

O jovem, que é negro, foi ao centro comercial para trocar um relógio que havia comprado para o Dia dos Pais.

Em imagens registradas do incidente, é possível ver Matheus no chão, imobilizado por um homem de camisa vermelha. Outro homem, de camisa preta, participa da ação. No vídeo, pessoas que estavam no shopping se aproximam e exigem que ele seja solto.

Em um dos trechos da denúncia apresentada pelo MP, a abordagem dos PMs é descrita como truculenta.

“Ao desconfiarem que ele teria furtado um relógio na loja Renner, abordando-o de forma truculenta, o segurando violentamente pelos braços e o forçando a sair do estabelecimento em razão de sua etnia negra, quando o levaram para uma escada e o derrubaram, imobilizando-o e apontando uma arma de fogo na direção de sua cabeça”, dizia um trecho da acusação.

Matheus trabalha como entregador de comida por aplicativo. Ele disse que percebeu que estava sendo seguido por homens à paisana e foi abordado por eles dentro da Renner do Plaza, quando ainda esperava para ser atendido.

Ainda em agosto, os PMs confirmam, em depoimento à Polícia Civil, que são colaboradores de uma empresa de segurança, que pertence ao major da PM, Marcelo Corbage, e que prestam serviço de observação e de inteligência para alguns shoppings, entre eles o Ilha Plaza.

Gabriel Izau e Diego da Silva afirmaram em depoimento que Matheus levantou suspeitas porque o boné dele fazia referência a um dos chefes do tráfico de drogas do Morro do Dendê.

Matheus contou ter achado o boné no chão e que já tinha usado outras vezes, inclusive no shopping onde tudo aconteceu. Matheus disse também que não sabia o significado das palavras e que os policiais não chegaram a falar sobre o boné durante a abordagem.

A GloboNews não localizou a defesa dos policiais militares denunciados.

Fonte: G1

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