O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã desta sexta-feira (18) da cerimônia de formatura de novos soldados da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Durante o evento, o presidente disse aos novos policiais que, em muitos momentos, eles estarão sozinhos e que a imprensa sempre estará contra eles.
“Por muitas vezes vocês estarão sós. Terão apenas Deus ao seu lado e assim sendo, se preparem cada vez mais. Simulem as operações que podem aparecer pela frente. Porque uma fração de segundo, está em risco a sua vida, dom cidadão de bem ou de um canalha defendido pela imprensa brasileira. Não se esqueçam disso, essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês. Pensem dessa forma para poderem agir”, disse Bolsonaro.
No vídeo, que foi apagado no mesmo dia, a tenente-coronel classificou o jornalista como inimigo da corporação e ainda incentivou a população a divulgar a gravação.
Em nota, o sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro afirmou que a declaração do presidente é “Estarrecedora e inaceitável”.
“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia veementemente o ataque desferido pelo presidente da República contra os jornalistas brasileiros na manhã desta sexta-feira. Ao dar carta branca aos novos policiais militares para perseguirem cidadãos brasileiros, e ainda incitar a tropa a atacar os jornalistas que denunciarem essa prática de extermínio, o presidente da República comete gravíssimo crime contra a democracia, a liberdade de imprensa e à vida”, diz a nota.
Aglomeração
Após a cerimônia, o presidente desceu do palanque e, na companhia da segurança, foi para o meio dos formandos e familiares, gerando um grande tumulto de pessoas que queriam tirar foto com ele. Cerca de cinco minutos depois, ele voltou ao palanque e saiu sem falar com os jornalistas.
O evento aconteceu no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), em Sulacap, na Zona Oeste. Ao todo, são 500 novos policiais formados para reforçar o policiamento nas ruas do Rio. Segundo a corporação, aproximadamente mais 1.500 alunos seguem em formação no CFAP.
O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, defendeu que a política de segurança não pode ser colocar em risco a vida dos agentes.
Durante seu discurso, Castro lembrou que é a primeira vez que um presidente da República comparece a formatura dos soldados da PMERJ. Ele também agradeceu ao general Braga Netto, ministro da Casa Civil, e sua colaboração na melhora da estrutura da corporação durante o período em que foi interventor na segurança pública do RJ. Ele ainda afirmou que tem como objetivo acabar com as mortes de policiais.
“Sabemos que a polícia militar, durante tantos anos, foi extremamente massacrada. Estamos lutando contra isso é para que a sociedade veja. Presidente, todos os índices menos um, que é a letalidade, baixaram sensivelmente. A maioria deles mais de 50%, mas o único que é divulgado, infelizmente é o da letalidade por agente público. Eu acho que temos que colocar a mão na consciência e temos que perceber que, se o Rio de Janeiro hoje é um lugar melhor para se viver, devemos e dependemos isso a cada um homem, a cada uma mulher da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros. O trabalho tem sido duro”, disse o governador.
Castro destacou ainda que os formandos de hoje fizeram o concurso em 2014. E que faltam 700 pessoas a serem chamadas.
Em seguida, o senador Flávio Bolsonaro disse que, no que depender dele e do pai, os policiais serão colocados em primeiro lugar.
Também participaram da cerimônia, o secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, e os deputados federais Hélio Bolsonaro, Daniel Silveira, Major Fabiana e Otoni de Paula.