“Papai do céu que quer que eu esteja aqui. Me sinto bem, graças a Deus. Quero que os jovens se cuidem para chegar à minha idade”. A frase é do aposentado Domingos Ferreira de Lima, que, na segunda-feira (25), completa 117 anos de vida. Ele viu crescer os cinco filhos, 19 netos, 23 bisnetos e um tataraneto e, em meio à pandemia da Covid-19, não deixa a idade atrapalhar na prevenção.
Mesmo sendo um “supercentenário”, Domingos dá um show de vitalidade e de saúde. Ele não tem diabetes, e a pressão arterial é controlada. Há três anos, fez uma cirurgia na próstata e passou a utilizar uma sonda. Além disso, a audição já não é das melhores. No entanto, ele diz que se sente muito bem.
Domingos nasceu no dia 25 de janeiro de 1904. Natural de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, ele viu muita história passar pelos olhos que seguem atentos. “Eu conheci Lampião, ele passava por lá, na fazenda”, contou.
Segundo a dona de casa Érica Ferreira de Lima, filha de Domingos, ele não aceita que os filhos sugiram que ele vá morar na casa de um deles. Prefere a privacidade de morar sozinho.
“Ele toma banho, almoça, toma o remédio dele de manhã, sem ninguém mandar, ele passa álcool em gel nas mãos. A gente bota a máscara nele, e ele toma banho de sol. Graças a Deus, ele é uma pessoa que não dá trabalho nenhum. Tudo é demorado, por causa da idade dele. Quando vai tomar banho, passa meia-hora, mas toma o banho dele sozinho, troca de roupa sozinho, tudo ele faz. É bem independente”, disse.
Uma das filhas dele passa as noites com o pai, para que ele não fique sozinho. Mas a sensação da família é de que o patriarca não aparenta a idade que tem.
“Ele só quer morar na casa dele. Para dormir, às vezes, eu mando meu menino, ele vem, dorme, mas, para morar, ele só quer que seja no canto dele. Queria eu que ele fosse para minha casa, seria melhor para mim. Mas ele quer estar na casinha dele, e eu tenho que acompanhar”, declarou Érika.
Quem passa o dia com ele é Eliane Alves Bezerra, a cuidadora e ajudante da casa. Ela disse que ele sempre compara a longa vida que viveu ao que vê na juventude atual.
“Eu venho de segunda a sábado, e ele é bonzinho. Eu ajeito a água para que ele tome banho. Faz três anos que estou com ele. É muito calmo, fala pouco. Gosta muito de um feijãozinho com galinha. Gosta muito de uma comida simplesinha. Ele conversa comigo, diz que o que já viveu, e que os meninos novos, atualmente, não vivem nem a metade”, afirmou.
Para a filha Érika, o pai é uma fonte de inspiração. “Ele me dá uma lição muito importante todos os dias. Me educou, graças a Deus. Nós todos somos de bem, dou muito valor a ele. Gosto muito do meu pai, é uma pessoa muito especial para mim e para meus irmãos. Tem horas que eu nem acredito, que fico surpresa. Teve a Covid, essa pandemia, muita gente morreu, mas, graças a Deus, ele nunca teve nada. Temos muito cuidado com ele”, disse.