Emerson Junior Loureiro, paciente com síndrome de Down que foi abraçado por um enfermeiro no interior do Amazonas para receber oxigênio, não resistiu às complicações da Covid-19 e morreu na manhã desta quinta-feira (28). O falecimento de Emerson, de 30 anos, foi anunciado pela família do rapaz.
A foto do enfermeiro abraçando Emerson durante o tratamento viralizou nas redes sociais porque a atitude do profissional serviu para tranquilizar o paciente. O Amazonas enfrenta um novo surto de Covid, e sofre com colapso no sistema de saúde e falta de oxigênio nos hospitais. Até esta quarta (27), mais de 7,5 mil pessoas morreram com a doença no estado.
Uma das irmãs de Emerson, Keiteane Loureiro, contou que ele foi transferido de Caapiranga, na segunda (25), para um hospital no município de Manacapuru, a 99 Km de Manaus, após a repercussão da imagem, que foi publicada com um pedido de leito de UTI para o rapaz.
“Já tinha um leito para ele em Manaus, mas não conseguimos levar, não deu tempo pois dependia da melhora da saturação dele para fazer esse trajeto. Durante a madrugada de hoje, a saturação subiu para 98. Nós comemoramos tanto, achando que ia dar certo, ele ia ser transferido, mas hoje às 8h, chegou essa notícia para gente, infelizmente”, disse.
O corpo de Emerson Loureiro foi levado para a cidade natal, em Caapiranga, a 134 de Manaus, onde será sepultado pelos familiares.
‘Arte de cuidar’
A foto do abraço que comoveu várias pessoas para a ajudar a família Loureiro foi feita ainda dentro do hospital do município de Caapiranga por outra paciente, que estava na mesma ala da unidade.
Ao G1, na terça-feira (26), o enfermeiro Raimundo Nogueira explicou que o paciente deu entrada na unidade hospitalar com o quadro de saúde instável.
A família do paciente disse que ele não gostava de colocar a máscara no rosto por se sentir incomodado pois apertava bastante. Uma das irmãs de Emerson que o acompanhava estava cansada e o enfermeiro pediu para ela descansar que ele cuidaria do paciente.
Para ganhar a confiança do rapaz, a única maneira que encontrou par dar oxigênio a ele por meio de uma máscara não-reinalante foi com um abraço.
“Como ele não entende, pois é um paciente especial e eu cheguei próximo dele, dei um abraço, e eu consegui ofertar oxigênio. Assim, ele percebeu que aquele oxigênio fazia parte do tratamento sim, pois até melhorou a respiração dele”, disse.
“A enfermagem é a arte de cuidar, é o compromisso pela vida, a responsabilidade com o paciente e com a saúde”, completou Raimundo.
Falta de oxigênio no AM
A procura por oxigênio em Manaus virou um cenário de caos – desde quando começou a faltar esse insumo em hospitais -. Familiares de pessoas internadas madrugam em filas para comprar ou abastecerem cilindros com gás por conta própria.
Os casos e mortes de Covid-19 aumentaram. Com a falta de oxigênio e leitos em hospitais de Manaus, foi preciso enviar pacientes para outros Estados. Atualmente, o Amazonas registra mais de 257 mil casos confirmados da doença. O número de óbitos passa de 7,5 mil.
No domingo (24), seis caminhões que saíram de Porto Velho (RO) com uma carga de cerca de 160 mil m³ de oxigênio chegaram a Manaus. A entrega do oxigênio, em falta na capital do Amazonas por conta da pandemia do coronavírus, aconteceu com atraso devido às condições da BR-319.
O sétimo caminhão chegou somente no final da segunda-feira (25), segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).