Após sair da Bolívia, a pernambucana de 19 anos que voltou para casa nesta sexta-feira (29), após uma operação de resgate da Polícia Federal (PF), contou que, inicialmente, a proposta recebida foi para um trabalho numa empresa de telemarketing em Maceió, feita pela amiga de uma amiga, mas ela terminou na cidade de Santa Cruz de La Sierra. “Disseram que eu não ia sair mais quando entrei lá”, afirmou.
A jovem saiu de Pernambuco no dia 11 de janeiro, junto com uma amiga. “A gente achava que era para ir para Maceió, mas, no meio do caminho, a mulher que buscou a gente disse que era para ir para Corumbá, no Mato Grosso do Sul”, contou. Ela e a outra jovem passaram cinco dias viajando de carro até chegar ao destino.
“Quando chegamos, eles disseram que minha amiga ia para um lado e eu ia para o outro”, disse a pernambucana. Ela acabou sendo levada para Santa Cruz de La Sierra, cidade boliviana localizada na fronteira com o município sul-mato-grossense para onde ela foi inicialmente encaminhada.
Na Bolívia, a jovem contou ter passado alguns dias em dois quartos de hotéis diferentes. “Tinha um boliviano que estava comigo. Eu tinha acesso a banheiro, porque era o do hotel, mas eu comia somente quando ele trazia para mim. Quando ele saía do quarto, fechava a porta”, relatou.
Em Pernambuco, a mãe da jovem desconfiou após várias ligações não atendidas pela filha. “Ela estava falando comigo no início, mas, depois que eu liguei dez vezes e ela não atendeu, achei estranho. Meu filho conseguiu rastrear o celular dela e viu que estava na Bolívia. Foi aí que eu fui na delegacia”, disse.
Segundo a jovem, policiais bolivianos estiveram no hotel em que ela ficou e, após a chegada deles, foi retirada do quarto. “Eles deram uma ‘prensa’ no rapaz que estava comigo e ele disse que estava esperando para me entregar para outra pessoa. Disse que eu não ia sair mais, quando eu entrei lá”, afirmou.
A jovem foi levada a uma delegacia em Corumbá e, em seguida, voltou para Pernambuco em um voo na madrugada desta sexta (29). De acordo com a Polícia Federal, ela recebeu apoio de instituições de combate à violência contra a mulher.
A respeito da amiga que estava com ela, a jovem disse não ter tido mais contato. “Da última vez que a gente se falou, ela estava no aeroporto em Curitiba. Depois eu não soube mais dela”, contou.
Esquema pode ser maior, diz delegada
Na manhã desta sexta (29), a chefe da delegacia de imigração da PF, Luciana Martorelli, afirmou que a polícia deve ouvir a jovem, os familiares e as pessoas com quem ela conversou sobre a proposta de emprego.
“Não se monta um esquema de tráfico internacional para traficar uma pessoa. É possível que haja um esquema maior, inclusive em outras cidades, mas a gente ainda não tem essa informação com concretude”, declarou.