A Procuradoria da República no Distrito Federal arquivou o inquérito aberto contra o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub por suposto crime de racismo após a Polícia Federal concluir que não havia elementos para indiciar o ex-ministro.
O inquérito foi aberto em abril de 2020 após Weintraub insinuar em uma rede social que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pelo coronavírus .
O crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, implica em conduta discriminatória dirigida a determinado grupo ou coletividade por raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. A pena é de reclusão de um a três anos e multa.
O inquérito para apurar o suposto crime de racismo foi aberto pelo STF à pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
Em junho de 2020, Weintraub deixou o Ministério da Educação e o caso foi enviado para a primeira instância da Justiça, pois ele perdeu o foro privilegiado. Atualmente, Weintraub é diretor-executivo do conselho do Banco Mundial.
Relembre o caso
Em abril de 2020, Weintraub fez uma postagem em uma rede social insinuando que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pela pandemia do coronavírus.
Na postagem, o ex-ministro disse que a China iria sair “relativamente fortalecida” da crise do coronavírus e que isso condiz com os planos do país de “dominar o mundo”. Disse ainda que haveria, no Brasil, parceiros dos chineses nesse objetivo.
“Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub.
Para ilustrar a postagem, ele publicou ainda uma foto de uma capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China. Usando o personagem Cebolinha, que troca o “R” pelo “L”, Weintraub ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, efetuarem a mesma troca de letras.
Na época, a embaixada chinesa no Brasil, também na rede social, divulgou uma resposta repudiando a fala do ministro e o embaixador, Wanming Yang, cobrou uma declaração oficial do governo sobre a fala de Weintraub.
No dia 4 de junho de 2020, ainda como ministro da Educação, Weintraub compareceu à Polícia Federal para prestar depoimento, mas não quis responder a perguntas e entregou uma declaração por escrito.
“A participação do PCC [Partido Comunista da China] na pandemia não é mera ilação desse subscritor [Weintraub]. Trata-se de tema discutido abertamente por diversos líderes mundiais (vide comentário do presidente Donald Trump). Hoje há fortíssimas evidências que o vírus foi criado em laboratório, que o PCC escondeu o início da epidemia e informou a Organização Mundial de Saúde que não havia contágio entre humanos, e depois, de tudo, vendeu produtos necessários para o tratamento para todo o mundo. É razoável que o tema possa ser objeto de discussão livre”, disse ele.