A Polícia Militar (PM) de São Paulo resgatou na noite desta quinta-feira (25) um menino de 3 anos que era mantido nu, sem alimentação e sem água dentro de um barril no bairro do Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo. A mãe da criança, de 20 anos, e outra mulher, de 44, foram presas em flagrante e acabaram indiciadas pelos crimes de sequestro, cárcere privado e tortura, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
A PM localizou o menino e prendeu as mulheres depois de ter sido procurada pelo Conselho Tutelar. O órgão havia recebido uma denúncia por meio de um vídeo que circula nas redes sociais. As imagens mostram o menino sem roupas, coberto por panos, deitado dentro da metade de um barril de plástico virado para a parede de uma casa.
Policiais militares e conselheiros tutelares foram juntos ao local. A mãe da criança abriu a porta da residência para eles. Ao entrarem, encontraram uma cadeira de rodas infantil perto de um barril voltado à parede. Dentro dele estava o menino.
A mãe da criança e outra mulher foram levadas ao 50º Distrito Policial (DP), no Itaim Paulista, onde foram autuadas pelos crimes. A reportagem não conseguiu localizar a defesa delas para comentar o assunto. A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão preventiva das mulheres.
Os policiais investigam por quais motivos o menino era mantido dentro do barril. A criança teria necessidades especiais. Até a última atualização desta reportagem a polícia não havia informado quais eram essas necessidades. Também não havia confirmação se a cadeira de rodas que estava no local é do menino.
A polícia também tenta identificar quem filmou a criança no vídeo que chegou ao Conselho Tutelar. Na filmagem, um homem se aproxima do barril, o abre, e mostra o menino. Em seguida, ele diz a criança: “Vai dormir”. Depois fecha o barril.
Inicialmente, o menino foi para a delegacia. Depois, ele seguiu para um hospital, onde recebeu atendimento médico e foi constatado que estava subnutrido. Por último, o garoto ficou com o Conselho Tutelar.
Prefeitura
Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo repudiou o caso do menino encontrado dentro do barril na Zona Leste. A administração classificou o episódio como “grave violação de direitos humanos sofrida pela criança,”.
De acordo com a prefeitura, o garoto recebeu cuidados médicos e está acolhido e seguro na rede socioassistencial.
“A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), por meio da Coordenação de Políticas para Crianças e Adolescentes, irá acompanhar o desenrolar das investigações do caso, bem como o atendimento prestado à criança”, informa um trecho do comunicado da prefeitura.
“O Conselho Tutelar esteve presente durante o registro de Boletim de Ocorrência. A SMDHC irá manter contato com a Secretaria da Segurança Pública e com o Conselho Tutelar para troca de informações pertinentes ao caso”, finaliza a nota da administração.
Outros casos
Essa foi a segunda ocorrência de maus-tratos atendidas pela Polícia Militar neste mês de fevereiro na Zona Leste da capital paulista. No dia 6, uma criança de dois anos foi encontrada amarrada e sozinha em uma casa na região de Cidade Líder.
A PM também chegou ao local após denúncia anônima informando que a criança chorava muito em casa. Ao entrar na casa, os policiais identificaram uma menina amarrada pelos pés por um fio.
A mãe, de 21 anos, foi localizada por policiais na tarde do mesmo. Levada para o 89ºDP, ela foi presa em flagrante por maus-tratos contra a criança.
Outro caso de grande repercussão aconteceu em Campinas, no interior de São Paulo, onde uma criança de 11 anos foi resgatada em 30 de janeiro, após ser encontrada por policiais militares com as mãos e pés acorrentados dentro de um barril de ferro em uma casa no Jardim Itatiaia.
A corporação foi ao local após denúncia de vizinhos. Três pessoas foram presas suspeitas pelo crime de tortura, entre elas o pai do menino, a namorada dele e a filha dela. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Jardim Londres.
Segundo a PM, o menino era mantido em pé no espaço onde também fazia necessidades fisiológicas. O local era coberto por uma telha e havia uma pia de mármore por cima para impedir a saída dele.
O pai da criança, um auxiliar de serviços de 31 anos, teria alegado que o menino “é agitado dentro de casa” e fez isso para educá-lo, segundo texto do boletim de ocorrência.
O menino, segundo a PM, ficava impossibilitado de sentar ou agachar e, com isso, também apresentava pernas inchadas.
A Polícia Civil considerou que o homem aplicou violência e grave ameaça que provocaram intenso sofrimento físico e mental; enquanto que a namorada dele, uma faxineira de 39 anos, e a filha dela, que atua como vendedora, se omitiram e nada fizeram.