Jovem do interior de SP viaja mais de 2 mil quilômetros para doar medula óssea: ‘Pode salvar a vida de alguém’

Quatro anos depois de fazer o cadastro nacional, a estudante de 24 anos, moradora de Lins, recebeu uma ligação: o Redome havia encontrado um paciente 100% compatível com ela.

Giovanna, que mora em Lins, foi até Recife para doar medula óssea — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoalGiovanna, que mora em Lins, foi até Recife para doar medula óssea — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoal

“O tempo todo, principalmente quando eu sentia algumas dores, eu pensava assim: a pessoa que vai receber a medula provavelmente deve ter passado por situações muito mais complicadas.”

O relato é de uma jovem de Bauru (SP), que atualmente mora em Lins. Ela decidiu sair da zona de conforto e viajou até Recife (PE), a 2.199 quilômetros de distância, para doar medula óssea a um paciente 100% compatível com ela.

Apesar de não conhecer a pessoa que recebeu a doação, a estudante de psicologia Giovanna Venarusso Crosara, de 24 anos, tem certeza que o gesto valeu a pena e fica feliz em saber que pode ter ajudado a salvar uma vida.

O mês de fevereiro é dedicado ao diagnóstico precoce da leucemia e à conscientização sobre a doação de medula óssea, através da campanha nacional “Fevereiro Laranja”.

Mas não existe data certa para se tornar um doador: basta fazer um cadastro no Redome, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, e esperar que o programa encontre um paciente compatível. O transplante de medula pode ajudar pessoas com doenças que afetam as células do sangue, como a leucemia.

Para a Giovanna, o cadastro no Redome foi ao acaso. Ela contou ao G1 que viu uma reportagem sobre um mutirão de cadastros em uma faculdade de Bauru, em agosto de 2016, e decidiu participar.

Desde o cadastro, Giovanna mudou de casa algumas vezes e atualmente reside em Lins, onde cursa psicologia. Neste período, a estudante disse que sempre atualizou seus dados no Redome até que, quatro anos depois, recebeu uma ligação.

“Em outubro [de 2020] eles [do Redome] me ligaram e disseram tinham a possibilidade de eu ser compatível com algum paciente, e eu fiquei surpresa. Aí eu precisava fazer um outro exame para confirmar a compatibilidade”, lembra Giovanna.

Em Recife, Giovanna passou por uma série de exames antes de realizar a doação  — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoalEm Recife, Giovanna passou por uma série de exames antes de realizar a doação — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoal

A jovem foi até o hemocentro de Marília para tirar uma amostra de sangue e enviar os resultados ao Redome. Em dezembro, a equipe retornou a ligação e confirmou que Giovanna era 100% compatível com um paciente que estava precisando de um transplante de medula óssea.

“Eu fiquei, nem sei, extasiada. Logo fiquei pensando em quem era, o que essa pessoa estava passando”, conta a estudante.

Depois da confirmação, Giovanna começou a acertar a parte burocrática com a equipe do Redome que, segundo ela, sempre a questionava se ela gostaria de continuar com o processo voluntário.

Viagem e doação

Giovanna foi internada em um hospital de Recife para doar medula  — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoalGiovanna foi internada em um hospital de Recife para doar medula — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoal

“Fiz exame de Covid, tomografia, exame de sangue e tomei uma injeção para estimular minha medula. Minha doação foi no dia 25, deram sedativo, fiz o procedimento e não vi nada, só acordei na salinha de recuperação”, relata Giovanna.

De acordo com o Redome, a doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, no qual a medula é retirada do interior de ossos da bacia por meio de punções. O procedimento leva em torno de 90 minutos e a medula óssea do doador se recompõe em 15 dias.

Segundo a estudante, ela teve algumas dores na lombar depois de tomar a injeção que estimulou a medula e, após a doação, sentiu dor no local do procedimento. No entanto, Giovanna diz que recebeu toda a assistência e teve alta no dia seguinte.

A jovem voltou para casa e disse que agora vive com a curiosidade de descobrir quem recebeu a sua medula, o que só pode ocorrer um ano e meio após a doação, se as duas partes quiserem.

Jovem que viajou 2 mil km para doar medula óssea disse que procedimento valeu a pena — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoalJovem que viajou 2 mil km para doar medula óssea disse que procedimento valeu a pena — Foto: Giovanna Venarusso Crosara/Arquivo pessoal

Mesmo em meio à pandemia de coronavírus, Giovanna garantiu que todo o processo foi seguro. Além do exame de Covid, ela seguiu vários protocolos para evitar a disseminação da doença durante as consultas e viagens. No fim, a sensação que ficou é de que valeu a pena.

“Com certeza faria de novo [a doação]. A gente se coloca em riscos maiores em outros momentos da nossa vida, então porque não doar? É incômodo, mas isso pode salvar a vida de alguém.”

 

Como doar

Para ser um doador de medula óssea, a pessoa precisa ligar no hemocentro mais próximo para saber se é possível se cadastrar. O cadastro é nacional e, por isso, você pode ser compatível com pacientes do Brasil inteiro. Veja a lista de onde é feito o cadastro.

No hemocentro, o doador colhe um pouco de sangue e preenche uma ficha. A partir disso, o sangue é analisado para identificar as características genéticas do doador e cruzá-las com os dados dos pacientes que precisam do transplante, para determinar a compatibilidade.

Esses dados são enviados ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que vai entrar em contato quando houver um paciente com possível compatibilidade. Depois de mais alguns exames, a pessoa pode realizar a doação.

Fonte: G1 Bauru e Marília

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