Em Alagoas, quase 80% das vítimas de violência sexual são crianças e adolescentes

Quase 80% das vítimas de violência sexual são crianças e adolescentes – Ascom

Além das milhares de vidas perdidas em decorrência do novo coronavírus, a pandemia também trouxe à tona a triste realidade do aumento dos casos de violência sexual. Em Alagoas, a Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS) continua acolhendo as vítimas durante esse momento, funcionando 24 horas, nos sete dias da semana.

“Por causa do distanciamento social, as pessoas estão mais reclusas, dentro de casa e, é no ambiente familiar, que a maioria dos casos de violência sexual acontece. Muitos deles não são denunciados ou a vítima não recebe atendimento, pelo fato de a maior incidência dos atos de violência serem praticados contra crianças e adolescentes, e potencializados pelo isolamento. Com isso, essas vítimas têm maior dificuldade em buscar ajuda”, ressaltou Camille Wanderley, psicóloga e coordenadora da RAVVS.

A RAVVS foi criada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) em outubro de 2018 e, desde o início das atividades, o serviço prestou atendimento a 1.836 vítimas de violência sexual em Alagoas. Todo trabalho é feito por uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, médico perito e agente da Polícia Civil.

Desse total, a maior parte das vítimas são crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos, com um total de 1.429 atendimentos feitos pela RAVVS, o que representa 78% do total. Outro dado que impressiona é o quantitativo de mulheres que procuraram os serviços da RAVVS. Desde 2018, foram de 1.654 atendimentos a vítimas de violência sexual do sexo feminino.

As vítimas devem procurar os serviços da RAVVS na Área Lilás, do Hospital da Mulher (HM), na pediatria do Hospital Geral do Estado (HGE), no Hospital Ib Gatto Falcão, em Rio Largo, e no Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca. Mesmo durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, o serviço continua funcionando normalmente em todas as unidades de saúde, conforme informa a coordenadora da RAVVS.

“Estamos prontos para acolher toda e qualquer pessoa que passou por alguma situação de violência sexual. As vítimas e a população devem continuar procurando o nosso serviço, tanto para buscar o atendimento, como para fazer denúncias dos casos. Vale ressaltar que, somente no primeiro bimestre de 2021, a equipe multiprofissional da RAVVS atendeu 109 vítimas de violência”, ressaltou Camille Wanderley.

Como denunciar – Denúncias podem ser feitas presencialmente na Área Lilás do Hospital da Mulher (HM), por meio dos números (82) 3315-1393, (82) 98882-9765, pelo 180 e pelo Disque 100. A população também pode utilizar o aplicativo “Fica Bem”, lançado pela Sesau, em novembro de 2020, e desenvolvido em parceria com o Centro Universitário Cesmac, que está disponível na PlayStore para aparelhos com o sistema operacional Android.

A ideia do aplicativo surgiu pela diminuição da procura pelo serviço e das denúncias de violência sexual durante o período mais crítico do isolamento social. Para a coordenadora da RAVVS o aplicativo veio para facilitar as denúncias e informar a população sobre os locais de atendimento.

“A população precisa e deve continuar denunciando os casos ainda mais nesse momento, porque a pandemia está aí, e uma das consequências dela é o aumento da violência que está mais presente do que nunca. As vítimas precisam procurar ajuda e denunciar para que essa situação seja minimizada”, disse Camille Wanderley.

No aplicativo, além de fazer as denúncias, a população também pode solicitar atendimento, saber onde estão localizadas as unidades de saúde referência e os demais órgãos que compõem a rede intersetorial que auxilia às vítimas de violência sexual.

Rede Intersetorial – A RAVVS conta também com o apoio de uma Rede Intersetorial composta pelos órgãos de segurança pública, pelo poder Judiciário, pelos conselhos tutelares, Secretaria de Estado da Prevenção à Violência (Seprev), da Educação (Seduc), da Assistência Social (Seads), da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh).

Fonte: Agência Alagoas

Veja Mais

Deixe um comentário