Integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e da cúpula do Congresso estão atuando pela retomada do julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na Segunda Turma da corte. A discussão foi interrompida por um pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) do ministro Nunes Marques.
A CNN apurou que parlamentares têm levado recados ao Palácio do Planalto que o julgamento precisa ser retomado e, acima de tudo, Moro ser declarado suspeito. De acordo com relatos, aliados do presidente Jair Bolsonaro têm feito pressão, nos bastidores, para que Nunes Marques não devolva a vista tão cedo. O movimento, no entanto, tem desagradado grande parte do Parlamento e também do próprio Supremo.
Ministros de cortes superiores ouvidos pela CNN dizem que a tentativa do Planalto de travar o julgamento de Moro pode respingar nos casos da família Bolsonaro que correm nos tribunais. Justamente por esse motivo, a avaliação é a de Bolsonaro e seus aliados podem sair de campo em relação ao caso do ex-juiz.
O pano de fundo da atuação do Planalto, segundo a CNN apurou, é a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cenário eleitoral.
No Congresso, a suspeição de Moro é tratada como fundamental por líderes influentes. Na véspera de a Segunda Turma retomar o julgamento sobre a eventual parcialidade de Moro na condução de processo contra Lula, por exemplo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), usou as redes sociais para cobrar uma punição ao ex-juiz.
Lira comentou a decisão do ministro Edson Fachin, que anulou todas as condenações de Lula âmbito da Operação Lava-jato em Curitiba (PR). “Minha maior dúvida é se a decisão monocrática foi para absolver Lula ou Moro. Lula pode até merecer. Moro, jamais!”, escreveu o presidente da Câmara.
Fachin considerou que 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula. Os processos serão analisados pela Justiça Federal do Distrito Federal, à qual caberá dizer se os atos realizados nos três processos podem ou não ser validados e reaproveitados.