Após quatro anos de cursinho e inúmeras horas estudadas, Monaliza Ávila se tornou uma das 3.247 pessoas aprovadas neste ano em um dos 69 cursos de graduação da Unicamp. A conquista ocorreu logo no curso mais concorrido do vestibular, o de medicina.
Filha de uma diarista e um cobrador de ônibus, a estudante de 21 anos foi aprovada em 5º lugar na Universidade de São Paulo (USP) para medicina e conseguiu também a vaga no mesmo curso na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A moradora de Paulínia (SP) conta que estudou durante toda a vida em escolas públicas. No ensino médio, cursou um colégio técnico e conciliou as aulas regulares com a formação em informática. Entretanto, sabia que não seguiria na área e, por influência de uma professora, conheceu o campus da Unicamp, em Campinas, onde ficou encantada com medicina.
“Fui descobrindo que aquele seria um caminho em que eu me sentiria realizada e poderia aprender mais sobre o ser humano e devolver isso de forma direta para a sociedade.”
Ao terminar o ensino médio em 2016, Monaliza conseguiu, por meio de prova, uma bolsa de estudos em um cursinho particular específico para vestibulares de medicina. Ela relata que a preparação sempre foi pesada.
“Minha rotina de estudos no cursinho era das 7h às 21h de segunda a sexta, e no sábado tinha aula de manhã. Também fazia simulados em alguns finais de semana, e eu ia em praticamente todos”.
Sonho com Unicamp e apoio dos pais
Entre 2019 e 2020, Monaliza foi aprovada nos vestibulares da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Apesar das conquistas, não deixou de almejar a Unicamp.
Para os vestibulares de 2021, Monaliza fez os vestibulares da USP e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) pela primeira vez, testes que serviram como uma forma de diluir a ansiedade para a prova da Unicamp. Essa seria a quinta tentativa de passar em medicina na universidade de Campinas. Neste ano, 33.918 estudantes disputaram 110 vagas, concorrência de 308 candidatos/vaga.
Monaliza conta ainda que teve percalços financeiros em sua trajetória, mas teve ajuda da família para superá-los. “Meu pai sempre foi muito organizado com as contas e minha mãe sempre conseguia achar alternativas pra que eu pudesse passar o dia no cursinho. Eu levava tudo de casa: almoço, lanches. Não precisava ter gasto externo, só com a passagem”.
A estudante ressalta a gratidão pelo apoio recebido dos pais. “Meus pais não tiveram a oportunidade de estudos e não concluíram nem o ensino fundamental. Meu irmão fez faculdade de ciências da computação com a bolsa da prefeitura e hoje já é formado e trabalha na área”.
“Apesar do pouco estudo, meus pais sempre tiveram a consciência da importância dele tanto para mim, quanto para o meu irmão e sempre nos incentivaram desde os primeiros anos na escola”.
Ao término dos anos de cursinho e atingindo seu objetivo, ela se diz agradecida pela ajuda externa da família e dos profissionais do cursinho onde estudou.
“Um ponto fundamental foi entender o meu caminho como um processo, que teria um inicio, um meio e um fim, e que eu só não conseguiria se eu desistisse”, afirma.