No dia seguinte à demissão de toda a cúpula militar do país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) buscou distensionamento com as Forças Armadas com a escolha dos três novos comandantes, segundo seus interlocutores.
Isso ocorre especialmente em relação ao novo comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira, que chefiava o Departamento-Geral de Pessoal do Exército. Segundo generais da ativa que o conhecem, trata-se de alguém “com muita liderança”, “bem quisto”, “um militar exemplar”, “com perfil operacional”, “carismático”, “de fácil trato” e que gosta de lidar com pessoas, tanto que era chefe do RH. Ele também é considerado o melhor oficial da sua turma (1980). Alguém, portanto, com excelente aceitação interna.
A avaliação é que Bolsonaro buscou o distensionamento porque todos os sinais que chegaram ao Palácio do Planalto desde a queda do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, foram de que as Forças não iriam aceitar qualquer tentativa de politização, alinhamento ao governo ou, no linguajar militar, que elas se tornassem força de governo e não de estado.
Os generais do Alto Comando do Exército, mantiveram-se nas conversas desde a segunda-feira, segundo fontes militares, “unidos e coesos” e disseram que não deixariam se concretizar qualquer intenção do presidente no sentido de que a política entrasse nos quartéis.
As movimentações do vice-presidente, Hamilton Mourão, também chamaram atenção. Ele endossou a posição dos comandantes demissionários e de Azevedo. Marcou, portanto, posição distinta da de Bolsonaro e que em caso de um tensionamento maior, ficaria ao lado dos militares, e não do presidente da República.