Bayern de Munique e Paris Saint-Germain voltam a se enfrentar exatamente 227 dias após o gol de Kingsley Coman, que deu aos bávaros o título da última edição da Uefa Champions League, na decisão disputada em Lisboa, contra os parisienses.
O duelo marcará também mais um reencontro entre o clube alemão e Neymar, que seguem em lados opostos, mas que poderiam ser uma força só.
Foi Barcelona, mas o primeiro destino do craque brasileiro na Europa poderia ter sido Munique.
A primeira vez que o Bayern ‘fechou as portas’ ao atacante aconteceu em 2010, um ano após o atacante se tornar profissional. Influente na Alemanha, o agente croata Predrag Racki revelou que tentou levar Neymar ao Gigante da Baviera. Sem sucesso.
“O encontro com [Christian] Nerlinger (diretor de futebol à época) aconteceu em Munique. Antes, tínhamos falado duas vezes por telefone. Ele me disse que sabiam quem era Neymar, que era um dos jovens jogadores mais talentosos do mundo”, comentou. “Ele me disse que o clube não tinha a intenção de dar tanto dinheiro por um jogador que ainda não tinha completado os 18 anos”, contou Racki.
A negociação naquele momento custaria 24 milhões de euros aos cofres do Bayern, pouco mais de 10% do valor que o Paris Saint-Germain pagou para compra-lo junto ao Barcelona sete anos depois: 222 milhões de euros.
Guardiola também tentou
Contratado em 2013 para comandar a equipe bávara que havia acabado de ‘varrer’ a Europa sob o comando de Jupp Heynckes, Pep Guardiola indicou aos diretores a contratação de Neymar, que já estava consolidado após comandar o Santos em 2011 na conquista da Libertadores, e havia se tornado um dos protagonistas com a seleção brasileira.
Envolvido em rumores com as principais equipes da Europa sobre sua transferência, o atacante chegou a revelar que se ‘imaginava’ defendendo o Bayern de Munique.
“É um grande clube, com jogadores excecionais. Me imagino jogando no Bayern. Para mim é um sonho de infância de jogar na Europa, mas não tem necessariamente de ser a Espanha. Todas as ligas são interessantes. Mesmo a Bundesliga. Especialmente quando penso no Bayern de Munique”, disse Neymar em 2013 à Sport-Informations-Dienst, uma agência de notícias alemã.
A incerteza sobre como seria a adaptação do brasileiro no futebol alemão fez recuar o interesse bávaro em sua contratação. Mesmo sem citar nominalmente o jogador, Uli Hoeness, presidente do Bayern, admitiu ao jornal alemão Bild que ‘desaconselhou’ a negociação.
“Guardiola quis contratar um jovem jogador brasileiro. Nós desaconselhamos. Jovens brasileiros costumam ter problemas de adaptação cultural e climática na Alemanha”.
O próprio treinador, anos depois, confirmou que tentou a chegada de Neymar ainda em seu primeiro ano em Munique. Em seu livro contando os bastidores da cobertura diária do Bayern, o repórter Christian Falk, do jornal Bild, revelou que o treinador se frustrou com a recusa sobre o brasileiro. Em seu lugar, os bávaros contrataram Mário Gotzë, pagando 37 milhões de euros ao Borussia Dortmund.
A terceira recusa
Os caminhos de Neymar e Bayern de Munique voltaram a se cruzar em 2017, quando o brasileiro vivia seus instantes finais em Barcelona, e buscava novos ares para ser protagonista de uma grande equipe.
Ao contrário das vezes anteriores, os alemães até pensaram seriamente em fechar a contratação do brasileiro, mas esbarraram nas gigantescas cifras do negócio, que fizeram do atacante a maior transferência da história do futebol.
“No meio da discussão sobre a contratação de Neymar, me perguntei o que é mais importante: Neymar ou a Allianz Arena. Devo dizer com clareza que para nós a Allianz Arena é mais importante. Além de que, no conjunto, a contratação de Neymar saiu mais cara”, disse em agosto de 2017 Karl-Heinz Rummenigge CEO do clube.
Semanas depois, Uli Hoeness voltou a se pronunciar sobre o Bayern ter saída rápido da negociação por Neymar.
“Nos demos conta cedo das dificuldades que envolviam a contratação de Neymar. O que ocorreu, com todos os problemas que sua contratação trouxe ao Barcelona, nos deu razão”, disse o presidente do clube que, meses mais tarde, voltaria a minimizar o fato de não ter contratado o brasileiro.
“Neymar tão bom assim”, disse Hoeness sobre os 222 milhões de euros pagos pelo PSG pelo brasileiro. “Não pode investir isso. Nem sequer os 180 milhões de euros em Mbappé, que parece muito bom”.