Checado: resultado de pesquisa não compromete eficácia de vacina contra Covid-19

Informação compartilhada nas redes redes omite explicação e gera interpretação equivocada Compartilhe:FacebookTwitter

Circula nas redes sociais a informação de que a variante sul-africana, do novo coronavírus, afeta oito vezes mais pessoas vacinadas com o imunizante desenvolvido pela Pfizer e BioNTech do que aquelas que não receberam a vacina. O texto cita uma pesquisa realizada em Israel, mas omite informações, não contextualiza dados e possibilita uma interpretação equivocada. Os casos da variante são raros no país do oriente médio e resultado de pesquisa não compromete eficácia de imunizante contra a Covid-19.

O trecho da matéria é extraído de uma revista indiana. “Variante do coronavírus afeta pessoas vacinadas 8 vezes mais do que não vacinadas; estudo da Universidade de Tel Aviv. O estudo mostra que a variante sul-africana do coronavírus (B.1.351) foi encontrada 8 vezes mais em indivíduos que foram vacinados do que aqueles que não foram vacinados”, diz.

Apenas o título e subtítulo possibilitam uma interpretação equivocada do resultado da pesquisa. A agência de notícias Reuters publicou uma reportagem sobre a pesquisa citada. O trabalho foi realizado pela Universidade de Tel Aviv e o provedor de saúde de Israel, Clalit. O estudo comparou quase 400 pessoas com teste positivo para Covid-19, 14 dias ou mais após terem recebido uma ou duas doses da vacina, contra o mesmo número de pacientes não vacinados com a doença.

O resultado mostrou que a variante sul-africana B.1.351 foi considerada responsável por cerca de 1% de todos os casos Covid-19 nas pessoas estudadas e que, entre os pacientes que receberam duas doses da vacina, a taxa de prevalência da variante foi oito vezes maior do que aqueles não vacinados, – 5,4% contra 0,7%.

No entanto, os dados da pesquisa, que ainda não foi validada, não significam que, ao ser vacinada com a Pfizer/BioNTech, aumente a possibilidade da pessoa ser contaminada pelo novo coronavírus, mas que ela é apenas menos eficaz contra a variante B.1.351, que apresenta casos raros em Israel. Ou seja, o resultado da pesquisa não anula a eficácia da vacina contra a Covid-19.

“Isso [o resultado da pesquisa] sugere que a vacina é menos eficaz contra a variante sul-africana, em comparação com o coronavírus original e uma variante identificada pela primeira vez na Grã-Bretanha. Os pesquisadores advertiram que o estudo teve apenas uma amostra pequena de pessoas infectadas com a variante sul-africana por causa de sua raridade em Israel”, disse a reportagem.

Os laboratórios Pfizer e BionTech informaram à agência Reuters que entre um grupo de 800 voluntários que receberam o placebo do estudo na África do Sul, onde B.1.351 é generalizado, houve nove casos de Covid-19 e, desses nove casos, seis ocorreram entre indivíduos infectados com a variante sul-africana.

Variante sul-africana no Brasil

A variante B.1.351 foi identificada pela primeira vez no Brasil, por meio de análises genéticas, em uma amostra coletada na cidade de Sorocaba (SP). A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores coordenado pelo Instituto Butantan e com participação da USP e outras instituições de pesquisa, como informou o jornal da USP.

Os pesquisadores sequenciaram e geraram 217 genomas do vírus a partir de uma coleta inicial de amostras em diversas cidades paulistas. Dos 217 genomas analisados, 64,05% eram pertencentes à linhagem P.1, surgida no estado do Amazonas e identificada pela primeira vez no Japão, seguida pelas linhagens B.1.1.28, que era a de maior distribuição no Brasil e provavelmente originou a P.1, com 25,34% e a B.1.1.7, conhecida como variante inglesa do coronavírus, que apareceu em 5,99% das amostras.

“A fim de traçar o histórico evolutivo dessas sequências, executamos análises genéticas e, por fim, reconstruímos a história temporal do isolado da B.1.351. A análise das sequências geradas demonstrou a predominância da linhagem P.1 e permitiu a detecção precoce da cepa sul-africana pela primeira vez no Brasil”, explicou o pesquisador Rafael dos Santos Bezerra, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), um dos autores do trabalho.

Vacina no Brasil

No Brasil, o levantamento feito com as secretarias de Saúde aponta que, até essa quinta-feira (15), 25.460.098 pessoas tomaram a primeira dose da vacina e 8.558.567 a segunda. As vacinas que estão em uso até o momento no país são a CoronaVac e a da Oxford/AstraZeneca. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou na quarta-feira (14) que estão garantidas 15,5 milhões de doses da vacina da Pfizer para os meses de abril, maio e junho.

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Fonte: Agência Alagoas

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