O pastor e marido de Mariane Kelly dos Santos, 35 anos, foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por feminicídio, ocultação de cadáver, homicídio qualificado, fraude e corrupção de menor na terça-feira (4). Além dele outras duas pessoas, a amante do pastor e o genro, também foram denunciadas e tiveram o pedido de prisão preventiva solicitado pelo órgão.
Eles são suspeitos de serem os autores do homicídio de Mariane, encontrada morta dentro de um rio com as mãos amarradas no rio Itajaí-açu em Navegantes, no Litoral Norte catarinense. O religioso segue preso em Itajaí e os outros envolvidos, em Pernambuco. A prisão temporária ocorreu em abril.
Segundo o MPSC, na denúncia consta que os autores tiveram motivação torpe, usaram de meio cruel e não deram chances de defesa à vítima. A denúncia também aponta que o crime ocorreu mediante pagamento, que teria sido feito pelo pastor. O adolescente que também teria participado do crime, sobrinho da amante do pastor, não foi denunciado pelo órgão.
Pastor pagou R$ 2,5 mil, diz MP
Segundo a denúncia, o marido da vítima planejou o crime com a sua amante, que era vizinha do casal. O relacionamento extraconjugal dos dois durava quatro anos, e segundo o MPSC, eles queriam viver junto.
Contudo, o pastor evangélico não desejava enfrentar um divórcio, o que, na visão dele, poderia ser mal visto pela sua comunidade. Em razão disto e para poder usufruir dos bens deixados pela vítima, a dupla resolveu cometer o crime, de acordo com a promotoria.
Segundo as investigações, o plano para matar Mariane começou em março de 2021. O pastor teria pagado R$ 2,5 mil ao genro da denunciada e ao sobrinho dela, um adolescente, para que os dois a ajudassem a matar a sua esposa. Com isso, para o MPSC, os três denunciados também cometeram crime de corrupção de menores.
Vítima foi surpreendida
Mariane foi morta com 25 golpes de faca na noite de 8 de abril, após pegar carona com a sua vizinha, amante do marido, ao sair do trabalho. No carro, segundo a denúncia, estavam o genro e o sobrinho da denunciada. O plano inicial era fazer a vítima desmaiar no carro para matá-la fora do veículo. O planejamento não deu certo, e ela foi morta dentro do carro.
“O crime teria ocorrido de forma traiçoeira e cruel, sem chances de defesa à vítima, pois esta entrou no carro espontaneamente, já que era usual a sua vizinha buscá-la no trabalho e, por ter sido surpreendida, não teve oportunidade de tentar evitar o ataque”, informou o MPSC.
Em seguida, os suspeitos seguiram em direção a Navegantes, também no Litoral Norte, onde ocultaram o corpo de Mariane no Rio Itajaí-Açu, próximo à ponte uma ponte.
Na manhã do dia seguinte, 9 de abril, os suspeitos arrancaram a forração do interior do veículo que estava suja de sangue e as placas do carro. Eles, segundo o MPSC, abandonaram o carro desta forma em um local ermo em Navegantes, com o intuito de simular o furto do automóvel. Para o órgão, com essas ações, eles teriam tentado também ocultar o crime e dificultar as investigações.
Envolvimento do pastor
Segundo o MPSC, enquanto o crime acontecia, o pastor permaneceu em casa. De acordo com as investigações, assim o religioso teria um álibi que pudesse acobertar o seu envolvimento no crime.
Os denunciados fugiram após a descoberta do corpo. A vizinha, amante do pastor, e o genro dela foram presos em Pernambuco. O marido da vítima, mandante do crime para o MPSC, foi detido em Itajaí.
O crime
Mariane foi vista pela última vez ao sair da cafeteria em que trabalhava em Itajaí. Segundo as informações da Polícia Militar, ela teria entrado em um carro cinza e não foi mais localizada.
O marido da vítima chegou a publicar nas redes sociais que o veículo era de um aplicativo de transporte, mas a PM confirmou que o carro era particular. O corpo da mulher foi encontrado com as mãos amarradas por volta das 14h30 do dia 9 de abril no rio Itajaí-açu.