O depoimento do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, à CPI da Pandemia foi marcado por uma posição estadista e técnica, afirmou nesta quarta-feira (12) o senador Marcos do Val (Podemos-ES), suplente na comissão.
“Vejo que foi uma oitiva muito produtiva, o Barra Torres se colocou muito técnico, muito na posição de estadista, não de governo. Ele foi escolhido pelo presidente da República (…) mas hoje ele está mais independente, mais focado no trabalho técnico e científico da Anvisa, que é o correto, o certo”, afirmou, em entrevista à CNN.
Ele afirmou que os outros membros da comissão, tanto os que são aliados do governo federal quanto os opositores, se sentiram muito seguros com a posição do diretor da Anvisa.
“Ele se mostrou um cara muito equilibrado, com muita informação. Foi muito bom ter levado a equipe dele nesse processo e a Anvisa, mais uma vez, se colocou imparcial, como falei, estadista.”
Perguntado sobre como imagina que as declarações de Barra Torres – algumas delas contrárias às declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – aparecerão no relatório final de Renan Calheiros (MDB-AL), Marcos do Val disse acreditar que algumas falas “serão pinceladas em benefício” do parecer.
“O que está muito claro para todo mundo, o que o relator está deixando muito claro, é uma tendência forte contra o governo (…) Acho que ele vai pegar falas do tipo da aglomeração, do uso da máscara, que a hidroxicloroquina ainda está em fase de teste e é uma medicação que não tinha efeito. Acho que o Renan Calheiros vai pincelar partes que vão favorecer seu relatório.”
Ele disse ainda que, de modo geral, entre todos que já depuseram à CPI, o único cujas falas deixaram Bolsonaro em uma posição mais delicada foi o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
“E todo mundo sabe que o Mandetta tem uma intenção política – e esse é o problema. A fala do Mandetta estava muito composta de ideias, ideais políticos. Outros que estiveram a seguir foram extremamente técnicos.”