O pai da bebê que foi levada ao hospital com mais de 30 lesões pelo corpo disse à polícia que pode ter machucado a filha “sem intenção”. Segundo a delegada, ele disse que pode ter ferido a menina quando estava com a bebê no colo e se abaixou para pegar um celular que estava na cama. A mãe da criança deve ser ouvida pela Polícia Civil nos próximos dias.
“O genitor do bebê afirma que é possível que tenha machucado sem intenção sua filha, ao abaixar-se, com ela em seu colo, para pegar um celular que estava sobre a cama, com a intenção de mudar o vídeo que ela assistia, bem como ao massagear o tórax dela para reanimá-la”, disse a delegada responsável pelo caso, Kênia Duarte.
Os nomes dos investigados não foram divulgados pela corporação e eles não chegaram a ser presos. Portanto, o G1 não conseguiu localizar a defesa deles para que pudesse se posicionar.
O caso foi registrado na noite de segunda-feira (10), quando a bebê foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento Pediátrico, em Anápolis. Na local, após perceber pelo menos 30 hematomas aparentes pelo corpo da menina, a médica suspeitou que a criança fosse vítima de maus-tratos e acionou as autoridades.
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis instaurou inquérito policial para apurar as causas e circunstâncias das lesões corporais na bebê, que está internada em estado grave no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia.
Segundo o boletim atualizado pelo hospital às 18h30 desta quarta-feira (12), o estado de saúde da criança continua grave. Ela está sedada e intubada.
Perícia na casa dos pais
A Polícia Civil fez uma perícia na casa da família na noite de terça-feira (11). Já na manhã desta quarta-feira, o pai se apresentou à delegada para dar novas declarações, pois, no dia em que a menina foi hospitalizada, ele chegou a ser levado à delegacia, informou que não sabia o motivo dos hematomas e foi liberado.
Kênia informou que a Polícia Civil requisitou um exame de corpo de delito e o médico legista deve ir até o Hugol para realizar o procedimento na criança. A delegada disse que o inquérito policial tem um prazo de 30 dias para ser concluído.
Ainda segundo a investigadora, a mãe da menina e alguns vizinhos também serão ouvidos pela polícia nos próximos dias.
“Estamos aguardando os laudos periciais e as demais oitivas para verificar se a versão do pai procede, se as lesões foram causadas de forma intencional ou não”, disse Kênia.
Dificuldade para respirar
Segundo a enfermeira chefe da Unidade de Pronto Atendimento Pediátrico de Anápolis, Wanessa Gusmão, a bebê já chegou ao local com dificuldade para respirar.
“Ela não estava respondendo aos comandos solicitados pela equipe. Tínhamos de fazer avaliações neurológica, motora e respiratória, mas ela não respondia”, explicou.
No dia do fato, a mãe da bebê informou ao Conselho Tutelar e à Polícia Militar, que o pai estava com a criança no colo quando percebeu que ela não estava bem.
“A mãe disse que o bebê estava ‘molinho’ no colo do pai e acionou o Corpo de Bombeiros, que levou a criança ao hospital. A mãe foi junto acompanhando”, disse o conselheiro tutelar Miqueias Duarte.
Suporte do Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar aguarda um parecer da Polícia Civil informando se o caso tem relação com maus-tratos. Por enquanto, a criança segue acompanhada pela mãe, no hospital. Ainda conforme o conselheiro, não havia nenhuma denúncia anterior relacionada aos pais do bebê junto ao órgão.
“Se a investigação constata que os pais são esses agressores, aí é um perigo para a criança. Aí a gente precisa estar a par dos outros familiares, para saber se eles tinham noção de alguma agressão já praticada anteriormente”, afirmou.
Nesta quarta-feira, a conselheira tutelar Lilian Batista de Sousa informou que a mãe da menina passou por consulta com um psicólogo no Hugol e o Conselho Tutelar solicitou o laudo deste atendimento ao hospital. O objetivo é entender se a mãe pode ter algum envolvimento com as lesões ou se ela foi conivente.
“Solicitamos o relatório da mãe para saber se ela tem algum envolvimento ou se ela foi conivente para, assim, podermos tomar as medidas em relação a criança”, disse a conselheira.