A vereadora de Niterói Benny Briolli (Psol), que teve que deixar o Brasil após receber ameaças de morte, gravou um vídeo nesta sexta-feira (14) sobre a situação que está passando. Ela pediu respostas do estado brasileiro por ser impedida de exercer seu mandato com segurança e integridade física.
“É impossível não ter uma resposta do estado brasileiro, isso não pode ficar dessa maneira e não pode ser desse jeito. O Brasil, do grito preso, das manifestações populares, da revolta popular do povo, exige uma resposta, exige a minha integridade física e exige que eu, a mulher mais votada sendo travesti e cria de favela, possa exercer a minha mandata com integridade de vida e física. Seguimos em luta”, afirmou Benny no vídeo.
Na gravação, a parlamentar diz que uma das mensagens recebidas por ela faz menção a Ronnie Lessa. O citado na ameaça foi preso por ser apontado pela polícia como o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco.
“As ameaças recorrentes de morte, contra a minha integridade física, ameaçam com o meu endereço da minha residência dizendo que Ronnie Lessa vai me pegar vai me metralhar. O mesmo cara que é investigado pelo assassinato da minha companheira, amiga de partido Marielle Franco, que a gente não sabe até hoje: quem mandou executar Marielle?”, disse a vereadora.
Benny Briolly afirmou no vídeo que já fez denúncias a órgãos nacionais e internacionais de direitos humanos sobre a sua situação. Ela lamentou por ter que interromper seus trabalhos na Câmara dos Vereadores de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
“Nós estamos sofrendo uma das maiores violências políticas desse país. Nós, mulheres negras, travestis e transexuais. É impossível que depois de todas as denúncias, de todas as cobranças às instituições nacionais e internacionais de direitos humanos, eu não tenha uma resposta. Eu não posso exercer no parlamento, onde o povo me colocou, a minha função e meu exercício de vereadora”.
A vereadora afirmou que encaminhou as ameaças que recebeu para a Polícia Civil. Ela afirmou ainda que não sabe informar quando irá voltar para o Brasil.
A Polícia Civil informou que o inquérito da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher foi encaminhado para o MPRJ, que devolveu pedindo mais detalhes sobre as investigações.
‘Política do ódio não vencerá’, diz presidente do Psol em Niterói
Daniel Vieira Nunes, presidente do PSOL em Niterói, afirmou que está indignado com a situação
“A política de ódio não vencerá e o Estado precisa garantir a integridade da vida e da atuação parlamentar de uma vereadora eleita”, disse.
Previsão é de que a política fique afastada da atividade presencial na Câmara de Vereadores de Niterói por aproximadamente 15 dias. O texto diz que a vereadora vai continuar acompanhando as sessões plenárias, que estão ocorrendo de forma virtual por conta da pandemia.
Cinco meses de ameaças
A nota da assessoria informou, ainda, que as ameaças contra Benny vem ocorrendo há cinco meses.
Uma das mais sérias, segundo o texto, foi um e-mail citando o endereço da vereadora e exigindo que ela renunciasse ao cargo, ou, caso contrário, iriam até casa dela para matá-la.
Além disso, Benny também recebeu comentários nas redes sociais desejando que “a metralhadora do Ronnie Lessa” a atingisse.
Comunicações a autoridades
A assessoria da vereadora afirmou que foram “comunicadas e oficializadas várias instâncias do Estado brasileiro sobre a grave situação” e que, “até o momento, não foram tomadas medidas efetivas que protegessem sua vida [de Benny] e seus direitos políticos”.