‘Comigo, milícia não vai construir mais porcaria nenhuma nessa cidade’, diz Paes sobre imóveis irregulares no Rio

Prefeito visitou área onde prédio de desabou em Rio das Pedras, deixando pai e filha mortos e quatro pessoas feridas. Paes atribuiu a gestões anteriores a responsabilidade pela expansão de construções irregulares por grupo de milicianos.

Eduardo Paes durante entrevista coletiva — Foto: Reprodução/GloboNews

O prefeito Eduardo Paes (DEM) disse na manhã desta quinta-feira (3) que não irá permitir que criminosos construam mais imóveis na cidade do Rio de Janeiro. A declaração foi dada enquanto ele acompanhava os trabalhos de resgate de vítimas do desabamento de um prédio em Rio das Pedras, Zona Oeste, que deixou ao menos um homem e uma criança mortos e quatro adultos feridos.

“Comigo, milícia não vai construir mais porcaria nenhuma nessa cidade. Estamos demolindo permanentemente e a gente tem o desafio de cuidar do passivo”, declarou o prefeito.

Ainda não se sabe quem construiu o prédio que desabou nesta manhã em Rio das Pedras e se a obra é regular ou irregular. Mas a comunidade é controlada pela milícia o que, segundo o Conselho Regional de Engenharia (Crea-RJ), dificulta a fiscalização.

Questionado sobre uma suposta dificuldade de fiscalizar construções em áreas sabidamente controladas por grupos milicianos, Paes disse que a presença dos criminosos não impede o trabalho sob sua gestão. “Comigo não impede nunca, não tem essa conversa”, disse.

Em 2019, dois prédios construídos de forma irregular desabaram na Muzema, a cerca de 3 km do local onde houve ocorreu o incidente nesta quinta (3), matando 21 pessoas. A suspeita é que os responsáveis pelos imóveis sejam ligados à milícia.

Paes atribui crescimento às gestões anteriores

Prefeito atribuiu a responsabilidade pela expansão das construções irregulares por milicianos às gestões anteriores à dele.

“Nem milícia, nem traficante, nem delinquente se sobrepõe ao poder do estado. Isso é falta de vergonha na cara das autoridades que permitiram que esse tipo de coisa acontecesse”, enfatizou o prefeito.

Paes reiterou que, desde o começo do ano, a prefeitura tem demolido construções irregulares na cidade. Ele ponderou, porém, que não é possível destruir todos imóveis nesta condição, devido à configuração habitacional do Rio, mas investir em melhorias.

“Mas é uma realidade da cidade. Não vamos retirar todas as casas de todas as favelas do Rio, ou de todas as comunidades do Rio. O que se tem que fazer é olhar essas áreas com mais risco, olhas essas construções para tentar fazer e produzir melhorias habitacionais”, enfatizou Paes.

Sobre o prédio que desabou nesta madrugada em Rio das Pedras, Paes disse que a prefeitura irá “prestar todo o auxílio” para as famílias atingidas. Ele destacou, ainda, que vai aguardar laudo técnico da Defesa Civil sobre os imóveis vizinhos ao que desabou, mas que “provavelmente vão ser condenados” devido aos danos provocados pela queda do prédio que foi ao chão.

‘Berço’ das milícias

Rio das Pedras é considerado o berço da milícia no país. A região habitada em sua maioria por retirantes nordestinos, ainda nos anos de 1960, se protegeu como pode dos avanços das facções de narcotraficantes que começaram a dominar territórios duas décadas mais tarde.

A região resistiu a guerras sangrentas e viu surgir a falsa proteção de grupos paramilitares que prometiam a tranquilidade que moradores não teriam em favelas onde drogas eram vendidas.

Um dos fundadores da milícia na região foi o inspetor de polícia Félix Tostes. Tostes foi morto em 2007 com mais de 30 tiros. Na época, quem assumiu o comando da miliciana região foi o vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, que foi acusado pelo morte de Félix. Nadinho foi assassinado dois anos depois.

Fonte: G1

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